Redação AM POST*
Em vídeo publicado em rede social, analista ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) Roberto Cabral, criticou a decisão da Justiça Federal que garantiu a volta da capivara Filó à casa do influenciador digital Agenor Tupinambá, de 23 anos, no interior do Amazonas. Servidor garante que o melhor para ela é a reintrodução ao convívio com outros de sua espécie, e não sua “humanização” e exploração.
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“Não se trata de uma discussão apenas sobre uma capivara. Outra capivara teria morrido, duas preguiças, sendo que uma morreu, duas jibóias, uma paca, uma arara, dois papagaios, uma coruja, uma aranha… ou seja, uma série de animais que foram explorados de forma ilegal para se conseguir likes (curtidas, engajamento) na internet. Isso é proibido no Brasil. Tanto o cativeiro, quanto a exploração desses animais, principalmente porque eles não têm origem legal”, diz o agente do Ibama.
Cabral também destaca que Agenor não é um ribeirinho da região, mas um fazendeiro. Ele afirma que o jovem, além do perfil de influenciador digital – já são 2,1 milhões de seguidores no Instagram e 1,8 milhão no TikTok – cursa faculdade de Agronomia em Manaus e tem estudo suficiente para saber que precisaria de uma autorização para domesticar a capivara e outros animais silvestres.
“Trata-se de um influencer, não de um ribeirinho. Ele não é um ribeirinho. É um fazendeiro, um peão boiadeiro, não é uma pessoa hipossuficiente. É um influencer com milhares (na verdade, milhões) de seguidores. Inclusive, com assessoria de marketing e assessoria jurídica. Não é uma pessoa que desconhecia leis. É um estudante de Agronomia e que estuda em Manaus, onde está o Ibama. Então, ele poderia já ter em algum momento procurado o ibama e entregue os animais. Vamos supor que ele tivesse encontrado a capivara e ela estivesse em situação realmente de perigo, necessitando de auxílio, socorro. Ele poderia ter entregue esses animais ao Ibama”, continuou.
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Por fim, ele garante que o órgão seguirá na tentativa de garantir que Filó seja reintroduzida à natureza.
“A decisão judicial prejudica e muito a reintrodução desse animal. O melhor destino para a capivara não é ficar numa casa, lembrando que a área é desmatada e não existem capivaras ali naquele local. O melhor para ela é ser realmente livre, junto com outras da sua espécie. Nós lutaremos para que o melhor destino para ela seja cumprido. Que seja livre, mas realmente livre, com outras de sua espécie, e não sendo humanizada”, declarou.
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Entenda o caso
Filó ficou famosa nas redes sociais do influenciador digital Agenor Tupinambá, que mora à margem de um rio em Autazes (AM) e mostrou vídeos de sua vida com o animal.
Ele foi obrigado, por determinação do Ibama, a entregar a capivara Filó na última quinta-feira (27/4). Além disso, o influenciador foi multado em R$ 17 mil por diversos crimes ambientais, entre eles deixar morrer uma preguiça real, espécie da fauna silvestre, praticar abuso contra a capivara e manter em cativeiro tanto a capivara quanto um papagaio, para obter suposta vantagem financeira. Ele negou as acusações.
O caso repercutiu nas redes sociais, sendo abraçado, principalmente, por lideranças da direita. Influenciadores, parlamentares e demais representantes desse espectro político foram às redes sociais defender Agenor, aproveitando a situação para tecer críticas ao Ibama e, de quebra, alfinetar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A decisão favorável a devolução de Filó a Agenor foi assinada na madrugada deste domingo. Ela determinou a entrega do animal a Agenor, que ficou autorizado a fazer transporte da Filó, para devolução ao habitat natural do animal silvestre.