No fim do ano passado, a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) lançou o projeto “Giulia – Mãos que Falam”, um kit tecnológico baseado em inteligência artificial que promete ajudar a facilitar a comunicação de pessoas surdas. A ferramenta começa agora a chegar ao público alvo e, antes de usar o equipamento, os beneficiados estão passando por um treinamento especial realizado na Secretaria de Estado da Pessoa com Deficiência (Seped). Ao todo, 100 pessoas surdas estão sendo contempladas nesta primeira fase do projeto pelo Governo do Estado.
Os primeiros aparelhos do Giulia foram viabilizados pelo governo estadual através de apoio da empresa Recofarma, no valor de R$ 800 mil. O projeto tem o apoio da primeira-dama do Estado, Edilene Gomes de Oliveira. A Seped faz o acompanhamento e monitoramento do processo de adaptação da tecnologia e a interlocução entre os usuários surdos e a Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica (Fucapi), parceira no projeto, que oferecerá o suporte ao kit Giulia (braçadeira e celular Android).
PUBLICIDADE
A nova tecnologia é baseada em inteligência artificial e possibilita a comunicação entre surdos e pessoas que não sabem a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Criado no Laboratório de Robótica e Automação da UEA, o projeto de tecnologia assistiva está sendo patenteado. Entre os novos usuários está o auxiliar de escritório, Carlos Everton da Silva, 21 anos, que está ansioso para testar o aplicativo. Acostumado com as dificuldades para se comunicar com quem não é surdo, Everton espera que a novidade possibilite integração nos espaços públicos, inclusive no trabalho.
“Acho muito importante porque nos bancos, hospitais e nos locais públicos em que a gente vai a inclusão é difícil. Acredito que isso pode ajudar a melhorar, e é isso que eu espero: que traga facilidade”, disse Silva, logo após iniciar os testes preliminares com a ferramenta durante a capacitação iniciada nesta segunda-feira, 28 de março.
Funcionamento do equipamento
O Projeto Giulia foi idealizado pelo professor da UEA, Manuel Cardoso, e consiste no desenvolvimento de uma braçadeira com sensor que traduz em som o significado de movimentos de quem está utilizando o aparelho. A braçadeira é posicionada logo abaixo do cotovelo, onde são captados os sinais biológicos dos músculos do antebraço e da mão. O sensor capta esses sinais e os transmite, via “Bluetooth”, para um aparelho celular.
PUBLICIDADE
Mais de 30 sinais estão decodificados no aparelho e o uso contínuo dos beneficiados servirá para aperfeiçoar e inserir novidades, ressalta Marcel Cunha, um dos integrantes do projeto. “Temos outros 50 sinais já em processo de inclusão. O Giulia nunca vai substituir o intérprete, mas o aplicativo serve para casos emergenciais onde não se tem um intérprete e assim o aplicativo pode ser usado também como suporte”, frisou.
Usuário aprova aparelho
Membro da equipe de assessoramento às pessoas surdas na Seped, Joel Gomes, 28 anos, também é um dos usuários do Giulia. Ele está com o equipamento há um mês e disse que a novidade já tem feito diferença. Com a ferramenta, a pessoa surda consegue expressar necessidades e também entender o que o interlocutor está falando. O Giullia também possui um gravador de voz que transforma tudo em mensagem de texto, para que a pessoa com deficiência auditiva possa acompanhar.
PUBLICIDADE
“Esse invento vem ao encontro das necessidades das pessoas surdas, porque a comunicação é fundamental para que eles possam ser integradas à sociedade como cidadãos. Temos feito um trabalho forte nesse campo, inclusive com nossa central de Libras, que funciona aqui na Seped e que permite agendamento para as pessoas terem o acompanhamento de um intérprete para ajudar a resolver problemas de diversas ordens. De uma consulta médica a um problema jurídico”, enfatizou a titular da Seped, Vânia Suely.