Na manhã desta terça-feira, 10, a Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam) foi palco de um intenso embate entre os deputados Daniel Almeida (Avante), Felipe Souza (PRD), líder do Governo na Casa, e a deputada Alessandra Campêlo (Podemos), que presidia a sessão. O confronto verbal, que envolveu acusações mútuas e apontamentos sobre o uso de recursos públicos, interrompeu o andamento da sessão e expôs divergências políticas entre os parlamentares, especialmente no que diz respeito ao governo do estado e à Prefeitura de Manaus.
Tudo começou quando o deputado Daniel Almeida, durante seu discurso no plenário, foi interrompido por Felipe Souza. Este questionou o papel do prefeito de Manaus, David Almeida, nas eleições municipais de 2020, lembrando que o atual governador Wilson Lima foi um dos principais apoiadores da campanha do prefeito. Felipe destacou o apoio financeiro e logístico que a Prefeitura de Manaus recebeu do governo estadual, mencionando um convênio de R$ 900 milhões firmado entre as duas esferas, o que, segundo ele, ainda não foi devidamente esclarecido quanto à prestação de contas.
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“Em 2020 quem apoiou o teu irmão? Foi o governador Wilson Lima. Em 2022, teu irmão apenas pagou a conta. Foram R$ 900 milhões que nem prestar conta a Prefeitura presta”, acusou o líder do Governo, em tom provocativo.
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Daniel, visivelmente irritado com a provocação, não hesitou em rebater. “Vamos fazer juntos a CPI da Central de Medicamentos do Amazonas (CEMA)”, disse alfinetando o governo do Amazonas.
A troca de farpas entre os dois escalou rapidamente, com ambos falando ao mesmo tempo, ignorando os apelos da deputada Alessandra Campêlo, que tentava restabelecer a ordem na sessão. Com os ânimos exaltados, Daniel Almeida pediu: “Eu tô falando, cale-se. Cale-se”, ao que Felipe Souza respondeu desafiadoramente: “Pois venha calar. Me respeite”.
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Intervenção de Alessandra Campêlo
Como presidente da sessão, a deputada Alessandra Campêlo tentou intervir, desligando os microfones de ambos os deputados na tentativa de interromper o bate-boca. Em seguida, Campêlo fez um apelo para que as provocações cessassem e o respeito ao plenário fosse mantido. No entanto, o clima de tensão continuava a pairar no ambiente.
Quando Alessandra devolveu a palavra a Daniel Almeida, ele prontamente pediu que a deputada mantivesse a ordem, ao que ela respondeu com uma observação que trouxe à tona a questão de gênero: “É difícil, né, deputado. Imagine para nós, mulheres, que temos o microfone cortado o tempo todo”, disse a parlamentar, insinuando as dificuldades enfrentadas por mulheres em ambientes políticos dominados por homens.
A fala de Alessandra irritou Daniel Almeida, que acusou a deputada de vitimização, alegando que ela estava se utilizando da pauta feminista para promover sua imagem. A situação rapidamente evoluiu para uma troca de acusações mais pessoal. “Me respeite, não tenho nada a ver com seu nervosismo. Me respeite”, exigiu Alessandra, enquanto mandava cortar novamente o microfone de Daniel, afirmando que só devolveria o tempo de fala quando ele aprendesse a “respeitar uma mulher parlamentar”.
Mesmo após ter o microfone cortado, Daniel Almeida continuou com as acusações. Quando finalmente pôde retomar sua fala, ele intensificou as críticas contra Alessandra Campêlo, alegando que ela estava manipulando a questão de gênero para ganhar apoio político e desviando o foco dos verdadeiros problemas. “Já falou demais. Já falou até o que não devia. Vá pedir pro governador pagar as mulheres que ele ainda não pagou”, disparou Daniel, referindo-se a questões relacionadas ao governo estadual.
Alessandra Campêlo, por sua vez, não deixou as provocações sem resposta. “É bem a sua cara. Não tem coragem para enfrentar”, disse a parlamentar, mostrando sua indignação com a postura de Daniel Almeida.