O diretor interino do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), José Carvalho da Silva, foi afastado do cargo nesta terça-feira (10) por suspeita de receber propina de uma facção. Ele estava no posto desde 28 de novembro de 2016. A decisão foi confirmada pelo secretário de Segurança Pública do Amazonas, Sérgio Fontes.
O afastamento do diretor foi confirmado pela assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap). Em nota, a Seap declarou que foi aberta uma sindicância para averiguar o suposto envolvimento do diretor nas denúncias. Segundo a Seap, o diretor ocupava desde julho de 2016 o cargo de diretor adjunto do Compaj e, depois, assumiu como interino com a saída do diretor Ilson Vieira Ruiz, no dia 28 de dezembro.
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A acusação de corrupção envolvendo José Carvalho da Silva estava em uma carta escrita a punho no dia 10 de dezembro de 2016 – 20 dias antes do massacre de 56 internos no Compaj. A carta foi assinada por dois detentos – Alcinei Gomes da Silveira e Gezildo Nunes da Silva – que foram assassinados na chacina do dia 1º de janeiro de 2017. O documento foi enviado pela 2ª Defensoria Pública Especializada em Execução Penal para conhecimento do Tribunal de Justiça do Amazonas no dia 14 de dezembro, duas semanas antes das mortes, e anexado em um processo que tramita na Vara de Execuções Penais (VEP) de Manaus.
Os presos afirmam em cartas que o diretor interino ganhou dinheiro para permitir a entrada de armas, drogas e celulares na unidade prisional. No início do ano, 56 detentos foram mortos em um massacre e 112 fugiram do Compaj. Logo após a rebelião, a polícia apreendeu pelo menos quatro pistolas e uma espingarda calibre 12 no local. Ao longo da semana, foram encontrados entorpecentes, um rifle calibre 32, dezenas de celulares, 42 armas brancas e até um roteador de internet.