Redação AM POST
O Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (Susam), tem dedicado esforços para atender a demanda de remoções de pacientes graves, suspeitos e confirmados do novo coronavírus (Covid-19), que precisam ser transferidos para Manaus por meio de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) aéreas. Desde o início da pandemia, 120 pacientes já foram trazidos do interior para a capital, por meio de seis aeronaves adaptadas para o transporte de pacientes. Um fluxo exclusivo para Covid-19 foi montado e opera em paralelo ao atendimento de pacientes com outras enfermidades, que também necessitam de transferência.
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“A Secretaria de Saúde do Estado intensificou o número de aeronaves. Antes nós trabalhávamos com três aeronaves, fizemos um aditamento de contrato em que mais três são direcionadas, exclusivamente, para transporte dos pacientes agravados no interior. Esses 50% a mais têm feito com que a gente consiga dar vazão, principalmente, porque o número dos casos confirmados no interior têm aumentado e, por conta até da característica da evolução da doença, esses pacientes agravam, precisando, então, de uma assistência de alta complexidade e a necessidade da vinda para a capital”, ressaltou a titular da Susam, Simone Papaiz.
A lista de pacientes que necessitam de suporte avançado na capital é organizada por meio do Sistema de Transferência de Emergências Reguladas (Sister), vinculado à Susam. “Nós tínhamos, antes do Covid, uma lista em torno de 10, oito pacientes. De maio para cá, praticamente triplicamos, teve dia que a gente chegou a uma lista com 30 pacientes graves e entubados. Todos os dias, o Sister faz um critério de prioridades e avalia qual o paciente que fica em primeiro, segundo, tudo por critério clínico. A gente faz a triagem e a regulagem. Feito isso a gente define como será a transferência”, detalhou o médico intensivista Edson Rodrigues, que coordena o fluxo de UTIs aéreas do Estado.
Logística – O setor que organiza a logística de voo das UTIs aéreas, no aeroporto Eduardo Gomes, registrou um aumento em torno de 60% a 70% no quantitativo de voos. O Estado dispõe, atualmente, de sete aeronaves para fazer o transporte de pacientes do interior, sendo um hidroavião, dois monomotores, dois bimotores e dois jatos utilizados para longas distâncias por serem mais rápidos. Cada aeronave tem capacidade para transportar até dois pacientes por voo.
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“Conforme a localidade, a distância e a pista operacional, a gente define o tipo de aeronave para fazer a remoção”, disse Edson, ao ressaltar que todos os pacientes passam por uma avaliação criteriosa que define se realmente há condições clínicas para suportar a transferência.
Cada unidade que realiza remoções do interior para a capital conta com uma equipe composta por um médico intensivista e um enfermeiro intensivista, além de equipamentos e insumos para fazer o transporte adequado dos pacientes. Além dos profissionais de saúde, do piloto e do co-piloto, cada paciente viaja com um acompanhante.
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Remoções – Nesta sexta-feira (22/05), foram transportados para Manaus cinco pacientes, sendo dois do município de Barreirinha, um de Parintins, um de Boa Vista do Ramos e um de Santo Antônio do Içá.
O médico de tráfego Thales Araújo acompanhou o paciente que veio para a capital transferido de Santo Antônio do Içá, um menino de 10 anos, que viajou com o pai.
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Ele frisa que todos os protocolos preconizados para as remoções são obedecidos à risca. “São protocolos definidos pela OMS (Organização Mundial da Saúde), onde a gente utiliza EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) e toda uma parte de equipamentos para a proteção de todos que fazem parte do transporte. São máscaras, protetores de face, óculos, macacão descartáveis e também botas especiais. É um cuidado necessário porque é uma doença nova, uma doença de alto contági
o, onde você está exposto muito mais do que qualquer doença”, avaliou o profissional.
Preparação e limpeza – O processo de montagem da UTI aérea inicia muito antes da decolagem. Antes de acontecer a remoção, temos todo um processo pra depois a coisa acontecer.
“Quando o avião decola pronto, com a UTI toda montada, respiradores, maca, teve todo um processo, toda uma situação para que tudo corra bem. A gente chega ao município, vai ao hospital, pega esse paciente. Esse paciente vem com toda segurança. Tem que montar a aeronave, colocar maca, oxigênio, toda uma logística de cilindro, mais a equipe médica. Para isso acontecer, todo o processo foi feito anteriormente”, pontuou Edson Rodrigues, coordenador do fluxo de UTIs aéreas do Estado.
O cuidado com a limpeza da aeronave, antes e depois de receber o paciente, é redobrado e inclui a utilização de ozônio para eliminar micro-organismos. “A equipe chega e tira todo o material, tira tudo. Deixa a aeronave por uma hora e depois disso (procedimento com o ozônio), ela fica mais seis horas parada. Depois fica disponível para o pessoal da limpeza entrar e fazer a higienização, desinfecção geral e disponibilizar novamente essa aeronave para fazer o novo voo. Esse é o processo todo que, com o Covid-19, é uma preocupação 10 vezes maior”, ressaltou Edson.
Ao desembarcar, os profissionais de saúde transferem o paciente para a ambulância, que pode ser uma Unidade de Suporte Avançado ou Unidade Básica. O paciente segue para internação na unidade de saúde de referência, Hospital Delphina Aziz ou Hospital de Combate ao Covid-19 (Nilton Lins).
Casos no interior – Dos 27.038 casos confirmados no Amazonas até esta sexta-feira (22/05), 12.967 são de Manaus (47,96%) e 14.071, a maioria, são do interior do estado (52,04%).
Envira e Ipixuna são os únicos municípios do Amazonas sem casos confirmados de Covid-19. As duas cidades registraram apenas casos notificados, que são os casos suspeitos para a doença. São nove casos notificados em Envira e 12 em Ipixuna, conforme boletim epidemiológico da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM).