Notícias de Tefé – O Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM) recomendou à Prefeitura de Tefé o cancelamento de apresentações musicais previstas para a 22ª edição da Festa da Castanha, marcada para ocorrer entre os dias 1º e 4 de maio. A medida atinge os shows da cantora Simone Mendes e dos cantores Pablo e Marcynho Sensação, cujo custo total está estimado em R$ 2,15 milhões.
De acordo com a 2ª Promotoria de Justiça de Tefé, o valor comprometido com os cachês dos artistas é considerado incompatível com a realidade financeira do município, que até março esteve em situação de emergência devido à estiagem e às queimadas. O MP argumenta que os recursos públicos devem ser redirecionados para áreas essenciais como saúde, educação, saneamento e infraestrutura.
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A recomendação foi enviada ao prefeito Nicson Marreira (União Brasil). Caso os contratos com os artistas já tenham sido firmados, o MP solicita que sejam suspensos imediatamente, sob pena de medidas judiciais cabíveis. O órgão já havia instaurado procedimento administrativo em janeiro para apurar os altos gastos com o evento.
Além dos cachês, a prefeitura teria que arcar com custos logísticos como estrutura de palco, sonorização, iluminação e banheiros químicos, entre outros, cujas fontes de financiamento ainda não foram comprovadas.
Segundo o promotor Vítor Rafael de Morais Honorato, a administração municipal não apresentou documentos que comprovem o repasse de emendas parlamentares no valor de R$ 1 milhão, supostamente destinados à realização da festa pelos deputados Carlinhos Bessa (PV) e Wilker Barreto (PMN). Embora o município tenha alegado que Barreto destinou R$ 2,5 milhões para fomentar eventos culturais por meio da Secretaria Municipal de Cultura (Semuc), não foi possível comprovar que esses recursos seriam aplicados na Festa da Castanha.
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Em reunião realizada no início de abril entre representantes do MP, Semuc e a Procuradoria Jurídica do Município, a prefeitura comprometeu-se a apresentar documentos que comprovassem parcerias e patrocínios para a festa. No entanto, até o momento, tais informações não foram entregues.
O promotor ressalta que os gastos não têm respaldo na Lei Orçamentária Anual (LOA), que prevê apenas R$ 825 mil para ações culturais em Tefé. “Tais valores são irrazoáveis diante da realidade orçamentária do município e das necessidades da população”, afirmou.
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A recomendação também exige que a prefeitura informe, em até 24 horas após a notificação, o cancelamento dos shows em sua página oficial e redes sociais. O MPAM deverá ser comunicado formalmente, com envio de documentos comprobatórios, no prazo de 48 horas, sob pena de medidas judiciais.