O uso de aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) por autoridades dos Três Poderes tem gerado discussões intensas. Até maio, foram registrados 660 voos, conforme levantamento do blog de Lúcio Vaz, publicado no jornal Gazeta do Povo. Este número expressivo evidencia a frequência com que autoridades se deslocam pelo país utilizando recursos públicos, suscitando questionamentos sobre a necessidade e a transparência desses deslocamentos.
No topo da lista está o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, com 59 viagens. Barroso, que assumiu a presidência do STF recentemente, justificou que suas viagens são necessárias para cumprir compromissos institucionais e de representação do Judiciário em diversas regiões do Brasil.
PUBLICIDADE
Logo atrás de Barroso, aparece o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, com 53 voos. Dentre esses, 25 foram para Maceió, sua base eleitoral. Lira defendeu a necessidade dessas viagens, argumentando que são essenciais para manter o contato com seus eleitores e acompanhar de perto as questões locais que impactam diretamente a sua atuação parlamentar.
Executivo em Movimento: Fazenda e Justiça
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também está entre os principais usuários das aeronaves da FAB, com 43 voos registrados. Desses, 36 foram entre Brasília e São Paulo. Haddad realiza audiências na Avenida Paulista às sextas-feiras, justificando que é crucial estar presente no centro financeiro do país para discutir políticas econômicas e financeiras com agentes do mercado e empresários.
PUBLICIDADE
Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça que tomou posse em fevereiro, também figura na lista com 36 deslocamentos, sendo 30 para São Paulo nos finais de semana. Lewandowski defendeu seu uso dos jatinhos afirmando que é vital para a manutenção da segurança pública e para reuniões estratégicas com autoridades estaduais.
Voos Secretos e Questões de Segurança
PUBLICIDADE
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, registrou 22 voos, oito dos quais foram para sua residência. Pacheco argumentou que a logística e a segurança são as principais razões para utilizar as aeronaves da FAB, especialmente em momentos de crise política ou necessidade de articulação rápida entre os poderes.
Um aspecto polêmico revelado pela lista é a presença de 40 voos secretos realizados a serviço do Ministério da Defesa, 15 dos quais com apenas um passageiro. Esses voos foram uma sugestão do então ministro da Justiça, Flávio Dino, em fevereiro de 2023. O objetivo era garantir a segurança dos ministros do STF, que estavam enfrentando ameaças e importunações em voos comerciais. A falta de transparência sobre os detalhes desses voos suscita preocupações sobre o uso adequado dos recursos públicos.
PUBLICIDADE
Caronas e Benefícios
Outro ponto que gerou debate foi a revelação de que Ana Estela, esposa de Fernando Haddad, pegou carona em jatos da FAB. Em uma viagem específica para São Paulo, o casal estava sozinho a bordo da aeronave. O uso de jatinhos por familiares de autoridades levanta questões éticas sobre o benefício pessoal com recursos públicos.
O uso de aeronaves da FAB por autoridades é permitido por lei para garantir a segurança e a eficiência no deslocamento de altos cargos do governo. No entanto, a frequência e os destinos dessas viagens precisam ser transparentes e justificados de maneira a evitar o mau uso dos recursos públicos. A divulgação desses dados pelo blog de Lúcio Vaz contribui para a accountability e para que a sociedade possa fiscalizar as ações de seus representantes.