
Foto: Zeca Ribeiro
O deputado federal Alfredo Gaspar (União Brasil-AL) conseguiu reunir 177 assinaturas a favor – seis a mais do que o necessário – à instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a o crime organizado no País. O parlamentar obteve apoio principalmente dos setores de direita na Câmara. Nenhum deputado de partidos de esquerda assinou o documento.
Gaspar citou como justificativa para a instalação da CPI a existência de “um intrincado esquema de conexões com outros grupos criminosos e uma rede subterrânea de ligações com os quadros oficiais da vida social, econômica e política da comunidade”. “Das organizações criminosas, originam-se atos de extrema violência, que expõem um poder de corrupção de difícil visibilidade pelo uso de disfarces e simulações”, afirmou.
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Conforme revelou o Estadão, a presidente de uma organização não governamental (ONG) vinculada ao Comando Vermelho (CV), condenada pela Justiça, conseguiu ingressar no prédio do Ministério da Justiça, em Brasília, e realizar reuniões com dois secretários. Luciane Barbosa, esposa do criminoso conhecido como Tio Patinhas, um dos líderes da facção no Amazonas, também teve encontros no Ministério dos Direitos Humanos, no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e circulou livremente pelos corredores do Congresso.
O autor da proposta da CPI não mencionou o episódio que enfraqueceu a gestão do ministro da Justiça, Flávio Dino, na área de segurança pública do governo. Em contrapartida, o pedido de criação do colegiado faz referências ao plano do Primeiro Comando da Capital (PCC) para sequestrar e assassinar o senador Sérgio Moro (União Brasil-PR).
Na última quinta-feira, 7, a Polícia Federal (PF) identificou outro plano do PCC que visava os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A facção mobilizou uma célula com três de seus membros e custeou suas despesas – cerca de R$ 44 mil -, incluindo estadia, celulares, aluguéis, seguro, IPTU, mobília, transporte e até a compra de eletrodomésticos.
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Apesar do apoio angariado, Gaspar ainda depende da aprovação de Lira para que a CPI seja efetivamente instaurada. Existem ao menos outras quatro propostas nas frente para serem analisadas pelo presidente da Câmara, dentre elas a CPI do Abuso de Autoridade, que conta com o apoio em massa da direita para investigar supostos abusos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e outros membros do Poder Judiciário.
Estadão Conteúdo