A infância é um período repleto de fantasia, criatividade e brincadeiras. No entanto, essas atividades lúdicas podem também revelar aspectos sombrios da vida de uma criança que sofreu abuso sexual. Desenhos, histórias imaginativas e brincadeiras são formas naturais pelas quais as crianças expressam seus sentimentos e experiências. Especialistas apontam que, por meio desses meios, é possível identificar sinais de abuso sexual, permitindo uma intervenção precoce e proteção da vítima.
Como Desenhos e Brincadeiras Ajudam a Revelar Abusos
A psicóloga Antonieta Cavalcante, que trabalha na Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca) em Manaus, explica que, na maioria dos casos, os abusadores são pessoas próximas à vítima, como membros da família ou amigos da família. Isso torna a denúncia um processo desafiador, já que a criança pode sentir medo ou culpa. No entanto, por meio de desenhos ou encenações com bonecos, as crianças muitas vezes conseguem expressar o que aconteceu, mesmo sem compreender totalmente a gravidade dos eventos.
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Durante os atendimentos, que ocorrem após o registro de denúncias, as crianças são encorajadas a se expressar livremente. Elas podem, por exemplo, desenhar ou usar bonecos para mostrar as partes do corpo onde foram tocadas. Esses desenhos e encenações se tornam parte de um relatório que é encaminhado ao juiz para que as medidas legais apropriadas sejam tomadas.
Sinais de Comportamento que Merecem Atenção
Além dos desenhos e brincadeiras, o comportamento da criança pode ser um forte indicativo de que algo não está certo. Antonieta alerta que mudanças súbitas no comportamento, como isolamento, agressividade ou desconforto na presença de determinados familiares, são sinais que não devem ser ignorados. As escolas desempenham um papel vital na identificação desses sinais, sendo muitas vezes o ambiente onde os abusos são primeiramente denunciados.
A Importância do Papel das Escolas
As escolas não apenas oferecem um espaço seguro onde as crianças podem expressar suas preocupações, mas também atuam como vigilantes na proteção dos direitos infantis. De acordo com Eliane Hayden, socióloga e coordenadora de ações de prevenção à violência sexual da Secretaria de Educação (Semed), o trabalho de prevenção nas escolas abrange tanto as crianças quanto os pais. Desde 2003, a Semed realiza oficinas e palestras que ajudam a identificar possíveis vítimas de abuso sexual e educam os pais sobre como proteger seus filhos.
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Diálogo Aberto: Um Passo Essencial para a Proteção
Conversar sobre abuso sexual ainda é um tabu em muitas famílias, o que pode perpetuar o ciclo de silêncio e impedir que os casos sejam denunciados. Antonieta Cavalcante ressalta a importância de um diálogo franco e aberto entre pais e filhos sobre o corpo e os limites pessoais. As crianças precisam entender que ninguém tem o direito de tocar suas partes íntimas sem permissão, e que é fundamental respeitar suas preferências, mesmo que se trate de um familiar ou amigo da família.
A identificação e o combate ao abuso sexual infantil requerem a atenção e a colaboração de toda a sociedade. Desenhos, brincadeiras e mudanças de comportamento são formas através das quais as crianças podem expressar que algo está errado. Ao prestar atenção a esses sinais e promover um diálogo aberto, é possível proteger os menores e garantir que os responsáveis pelos abusos sejam devidamente punidos. Se você suspeita de abuso, denuncie. Proteger as crianças é uma responsabilidade de todos.
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Para saber mais sobre como proteger seus filhos na internet, conheça os símbolos e termos usados por pedófilos que podem ajudar a identificar comportamentos suspeitos online.
Fonte: G1