O ex-desembargador Sebastião Coelho, conhecido por sua postura crítica em relação ao Supremo Tribunal Federal (STF), utilizou as redes sociais na noite desta terça-feira (13) para lançar um apelo que reverberou no cenário político brasileiro. Coelho pediu a prisão do ministro Alexandre de Moraes, integrante do STF, e exigiu a anulação dos processos relacionados aos eventos do 8 de janeiro, que resultaram na detenção de centenas de pessoas. Além disso, o ex-desembargador solicitou anistia para os presos envolvidos nos acontecimentos daquele dia.
A declaração de Coelho veio após a divulgação de uma reportagem pela Folha de S.Paulo, que revelou que Moraes teria acionado órgãos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de maneira irregular para investigar aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Conforme a reportagem, entre agosto de 2022 e maio de 2023, durante o período em que presidiu o TSE, Moraes teria transformado o tribunal em um braço investigativo do STF, conduzindo atividades que estariam fora de suas atribuições formais.
PUBLICIDADE
As mensagens trocadas entre assessores de Moraes, reveladas pela reportagem, indicam que havia frustração com a lentidão na execução das ordens do ministro. Em uma das conversas, um assessor expressou preocupação com o que chamou de “tragédia” quando Moraes “cisma”, sugerindo que o ministro era insistente em suas demandas. As mensagens também sugerem que havia pressão para ajustar laudos e relatórios de forma a incriminar bolsonaristas, levantando questionamentos sobre a imparcialidade do processo.
Dois nomes destacados no relatório são o juiz instrutor Airton Vieira, que trabalhou próximo a Moraes no STF, e Eduardo Tagliaferro, ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) no TSE. Vieira e Tagliaferro foram apontados como principais colaboradores na coleta e suposta manipulação de informações. Vale ressaltar que Tagliaferro deixou o cargo em maio de 2023, após ser preso por suspeitas de violência doméstica.
As declarações de Sebastião Coelho aumentam a pressão sobre Alexandre de Moraes, que já enfrenta críticas de diversos setores por suas ações tanto no STF quanto no TSE. A situação também reforça a polarização em torno dos desdobramentos do 8 de janeiro, com demandas por revisões judiciais e questionamentos sobre a legalidade e a ética das investigações conduzidas sob a supervisão de Moraes.