
(Foto: Divulgação)
No intervalo de três dias, o núcleo do Primeiro Comando da Capital (PCC) liderado por Willian Barile Agati, conhecido como Senna, sofreu um golpe financeiro estimado em R$ 22 milhões. O prejuízo decorreu do extravio de 770 kg de cocaína, que seriam enviados à Espanha em duas remessas marítimas.
A perda da droga gerou uma onda de violência dentro da organização criminosa. Em resposta, Senna e seus sócios decidiram punir os responsáveis, executando quatro pessoas. Entre as vítimas estava um Guarda Civil Municipal (GCM), que, segundo investigações da Polícia Federal (PF), mantinha relações comerciais ilícitas com a facção.
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A logística criminosa e o “concierge” do PCC
Apontado como um dos principais articuladores do tráfico internacional de drogas, Willian Agati era responsável pelo envio de grandes cargas de cocaína a partir do Porto de Paranaguá, no Paraná, com destino ao Porto de Valência, na Espanha. Ele foi preso em janeiro e, desde março, cumpre pena em Brasília, na mesma penitenciária de segurança máxima onde está Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder máximo do PCC.
O envolvimento de Agati na alta cúpula da facção lhe rendeu o apelido de “concierge do crime”, por atuar como um elo entre o tráfico sul-americano e os receptadores europeus.
Roubo de contêineres e tribunal do crime
O primeiro incidente ocorreu em 20 de fevereiro de 2020, quando um contêiner carregado com 270 kg de cocaína foi furtado. Três dias depois, outro carregamento de 500 kg foi interceptado por criminosos que se passaram por agentes da Polícia Federal.
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Diante do prejuízo, Senna comunicou o ocorrido aos seus parceiros na Europa e prometeu eliminar os envolvidos na perda das cargas. O julgamento interno da facção, conhecido como “tabuleiro” ou “tribunal do crime”, aconteceu na casa do GCM Jeferson Barcellos de Oliveira, que também estava na mira dos criminosos.
A primeira vítima da retaliação foi Marcos Antônio Carvalho, o Marcos P2, assassinado em um posto de combustíveis em São José dos Pinhais, no Paraná, em abril de 2020. A execução foi compartilhada em grupos de mensagens da facção.
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Menos de um mês depois, em 6 de maio, Jeferson foi morto a tiros em frente à oficina mecânica que possuía em Paranaguá. Segundo a PF, ele fazia parte de um grupo criminoso terceirizado que auxiliava na logística de envio da cocaína para a Europa. Assim como no primeiro caso, reportagens sobre sua morte foram divulgadas entre os integrantes da facção.
As investigações seguem para identificar outros envolvidos nos crimes e os responsáveis pelo roubo das cargas de droga.