A crescente onda de incêndios em diversas regiões do Brasil tem impactado diretamente a qualidade do ar, colocando em risco a saúde das populações atingidas. Nos últimos dias, várias cidades brasileiras registraram níveis de poluição alarmantes, atingindo a classificação de “perigoso”, conforme o índice internacional de qualidade do ar utilizado pela plataforma suíça IQAir. O nível de poluição é considerado perigoso quando a concentração de poluentes no ar ultrapassa 300 µg/m³.
Na manhã de segunda-feira (9/9), Porto Velho, capital de Rondônia, registrou índices de poluição que chegaram a 341 µg/m³, muito acima do nível considerado seguro para a saúde, que é de até 50 µg/m³. O cenário na cidade é crítico, especialmente em áreas como a Avenida Calama, onde os índices atingiram 523 µg/m³ no domingo (8/9). A situação em Guajará-Mirim, próxima à Reserva Extrativista do Rio Ouro Preto, foi ainda pior, com um pico de 839 µg/m³ no mesmo dia.
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Esses dados refletem o impacto das queimadas, que há dois meses devastam o Parque Estadual Guajará-Mirim. As autoridades estimam que cerca de 33% dos 216 mil hectares da floresta foram consumidos pelas chamas. Investigações indicam que os incêndios foram provocados por ações criminosas, em resposta a operações de fiscalização ambiental.
A crise ambiental em Rondônia é compartilhada pelo Acre, onde a capital Rio Branco também enfrenta níveis de poluição perigosos. Na segunda-feira, medições na região da Universidade Federal do Acre (UFAC) indicaram uma concentração de 503 µg/m³. Em resposta à situação, o governo do Acre cancelou o desfile do feriado de 7 de setembro e suspendeu aulas na rede pública de ensino.
Pior semana de incêndios do ano
Entre os dias 2 e 8 de setembro, o Brasil registrou o maior número de focos de incêndio do ano, com 49.187 ocorrências. O aumento em relação à semana anterior, que contabilizou 39.590 focos, foi de 24,2%. Até a tarde de segunda-feira, 159.417 focos de incêndio já haviam sido registrados no país em 2024.
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Regiões como o Pantanal, no Mato Grosso do Sul, e a Chapada dos Veadeiros, em Goiás, estão entre as mais afetadas. No Pantanal, o fogo já destruiu quase 2 milhões de hectares, enquanto na Chapada dos Veadeiros o impacto ultrapassa os 10 mil hectares.
A extensa mancha de fumaça gerada pelas queimadas já cobre cerca de 60% do território brasileiro, afetando a qualidade do ar em diferentes estados. Mesmo cidades fora da zona crítica, como São Paulo, têm enfrentado altos níveis de poluição. Na segunda-feira, a capital paulista registrou índices de 160 µg/m³, liderando o ranking das cidades mais poluídas do mundo em certos momentos.
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Diante do cenário, especialistas alertam para os riscos à saúde, especialmente em locais onde os níveis de poluição estão classificados como “insalubre” ou “muito insalubre”. A orientação das autoridades de saúde é clara: evitar atividades ao ar livre e reduzir a exposição à fumaça, que pode causar sérios problemas respiratórios, especialmente em crianças, idosos e pessoas com comorbidades.
Redação AM POST