Os incêndios florestais e a seca que afetam o Pantanal e a Amazônia se tornaram os maiores já registrados nas séries históricas, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Somente nas últimas 24 horas, estados da Amazônia Legal concentraram mais de 80% de todos os focos de incêndio no Brasil, com destaque para o Acre, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará e Rondônia.
Até o dia 22 de setembro, o estado do Amazonas registrou alarmantes 6.054 focos de incêndio em setembro, totalizando 21.289 focos desde o início do ano. Esse número ultrapassa o recorde de 2022, quando foram contabilizados 21.217 focos ao longo de todo o ano.
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No Acre, a situação é igualmente crítica, com mais de 3 mil focos de incêndio registrados desde o início de setembro. Diante da gravidade da situação, o Ministério Público (MP) do Acre ingressou com uma ação civil pública na última sexta-feira (20), exigindo que o Estado tome medidas efetivas para combater os incêndios. Entre as propostas estão a criação de uma força-tarefa em até cinco dias, a proibição do uso do fogo na agricultura, e o aparelhamento das equipes de combate a incêndios.
Em Mato Grosso, os brigadistas enfrentaram mais de 50 focos de incêndio apenas no domingo (22). O estado, que abriga diversos biomas, incluindo a Amazônia e o Pantanal, está sofrendo com o avanço das chamas, que atingem terras indígenas e outras áreas sensíveis.
A seca também é uma preocupação crescente, com os rios enfrentando níveis alarmantemente baixos. O Rio Paraguai, por exemplo, registrou apenas 35 cm de profundidade em Cáceres, enquanto o Rio Madeira, em Porto Velho, atingiu 35 cm, o menor nível histórico desde 1967. Em Manacapuru, o Rio Solimões alcançou 4,29 m, configurando uma situação de seca extrema.
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Artur Matos, coordenador do Sistema de Alerta Hidrológico do Serviço Geológico Brasileiro (SGB), alertou para os níveis críticos de água. O Rio Acre, em Rio Branco, está perto de atingir a mínima histórica de 1,24 m, enquanto o Rio Negro, em Manaus, chegou a 14,5 m, com descidas diárias de 24 cm. A situação é alarmante em várias regiões, incluindo Manacapuru e Humaitá, que têm grandes chances de registrar mínimas históricas.