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Julio Medaglia critica música atual: ‘qualquer idiota consegue fazer funk, pop e rap’

Maestro defende radicalidade artística e comenta trajetória, televisão e grandes polêmicas.

  • Por AM POST

  • 07/12/2024 às 09:00

  • Leitura em três minutos

Julio Medaglia, maestro de 86 anos, voltou a atrair atenções ao criticar tendências da música contemporânea e defender a inventividade artística. À frente do programa Prelúdio, da TV Cultura, que completa 20 anos, ele disparou contra estilos populares como funk, rap e pop, afirmando que “qualquer idiota consegue fazer isso”. Crítico também dos megashows, Medaglia ironizou a performance de Madonna no Brasil, qualificando-a como mero espetáculo comercial.

Figura central em diferentes movimentos artísticos no Brasil, Medaglia foi pioneiro em iniciativas como a tropicália e o grupo Música Nova. Além de criar trilhas para filmes e novelas, contribuiu com a poesia concreta e o cinema marginal. “Sempre procurei uma arte radical”, afirmou. Seu próximo projeto, a autobiografia intitulada Vim, Vi e Regi, promete explorar essa rica trajetória.

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O maestro, que já regeu importantes orquestras na Europa, destacou que o Prelúdio, reality show de música de concerto, é um espaço essencial para jovens talentos. Mesmo com a crise na TV Cultura, com cortes e tentativas de intervenção política, ele garante que o programa permanece sólido graças aos patrocinadores. “A Cultura não é usada como relações públicas do governo”, declarou.

A final deste ano reúne quatro competidores que apresentarão obras de Strauss, Mozart, Rossini e Saint-Saëns. O vencedor será premiado com uma bolsa para estudar na Academia Franz Liszt, na Hungria. Medaglia ressalta o impacto do programa na formação de músicos como Cristian Budu, hoje destaque no cenário internacional.

Nascido na Lapa, em São Paulo, Medaglia foi introduzido à música graças à empregada doméstica de sua família, que lhe presenteou com um violino. Sua formação musical incluiu estudos com Hans Joachim-Koellreuter, responsável por modernizar a música brasileira, e períodos na Alemanha, onde foi influenciado por figuras como Pierre Boulez e Karlheinz Stockhausen.

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A radicalidade sempre guiou sua carreira. Nos anos 1960, participou da tropicália com arranjos inovadores, como na faixa “Tropicália”, de Caetano Veloso. Mais tarde, afastou-se do movimento, que considerou excessivamente alinhado à indústria cultural, com exceção de Tom Zé. No cinema, destacou-se com trilhas sonoras e até como ator, sendo premiado por sua atuação em *O Segredo da Múmia*.

Medaglia também trabalhou em produções internacionais, dando conselhos sobre sonoplastia ao cineasta Stanley Kubrick. Na televisão, sua trilha para Grande Sertão: Veredas (1985) tornou-se um marco. Ainda na ópera, dirigiu uma montagem de O Guarani, de Carlos Gomes, na Bulgária. Ele não poupou críticas à recente encenação da obra no Theatro Municipal de São Paulo, qualificando-a como “uma agressão à ideia do autor”.

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Apesar de polêmico, o maestro rejeita ser visto como conservador. “Me mostre algo novo, e eu começo tudo de novo”, disse. Para ele, é possível criar arte inovadora sem ceder à mediocridade. Sua crítica à indústria musical contemporânea reflete sua busca constante por autenticidade e qualidade.

Ao completar 20 anos no ar, o Prelúdio reafirma o compromisso de Medaglia com a música de concerto, mesmo em tempos de efemeridade cultural. “As melhores orquestras estavam em Hollywood nos anos 1930. Ganhar dinheiro e ter dignidade é possível”, finalizou, deixando claro que sua visão artística continua alinhada à inquietação criativa que marcou sua vida.

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Com informações da Folha de S. Paulo

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