Uma década após o mundial da FIFA sediado no Brasil, a realidade de obras inacabadas ainda assombra diversas cidades que receberam partidas. Entre as promessas feitas para o evento esportivo, 13 projetos de mobilidade urbana ainda não foram finalizados, sendo que seis sequer tiveram início.
Desde 2014, apenas 16 obras foram concluídas, mas com atrasos consideráveis. Em contraste com os projetos inacabados, mais de 30 obras de mobilidade foram finalizadas antes da Copa, algumas às pressas, dias antes do início do torneio. A Matriz de Responsabilidades, que detalhava os investimentos planejados para o evento, previa R$ 8,7 bilhões destinados a intervenções viárias e mobilidade urbana, superando em R$ 400 milhões o valor destinado aos estádios.
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Um dos exemplos mais emblemáticos do legado inacabado é o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) de Cuiabá (MT). Seis quilômetros de trilhos foram instalados, mas nunca utilizados, resultando em um desperdício de mais de R$ 1 bilhão. Atualmente, o governo de Mato Grosso negocia a venda dos 40 trens adquiridos da Polônia para o governo da Bahia, que pretende implementar um VLT em Salvador.
Em contrapartida, o Metrô de Salvador, inaugurado há dez anos, é considerado um legado positivo. Com 38 km de extensão, 22 estações e 10 terminais integrados, o sistema transporta cerca de 400 mil passageiros por dia.
Outras cidades, como São Paulo, também sofrem com promessas não cumpridas. A linha 17-Ouro do monotrilho, na zona sul da capital paulista, enfrenta problemas como rompimentos de contrato e atrasos relacionados à Operação Lava Jato e à pandemia de Covid-19. A conclusão da obra está agora prevista para 2026.
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Natal, capital do Rio Grande do Norte, também enfrenta desafios. O governo local não conseguiu concluir a reestruturação de uma avenida devido à falta de recursos e também não finalizou a construção de um corredor de ônibus próximo à Arena das Dunas.
Diante dos desafios, muitas cidades precisaram adaptar ou simplificar seus projetos. Em Belo Horizonte (MG), as obras da Via 710, que liga as regiões leste e nordeste da capital, foram finalizadas em fevereiro de 2023, com sete anos de atraso. A complexidade das desapropriações, que custaram R$ 160 milhões, e os R$ 120 milhões gastos nas obras da estrada contribuíram para o atraso.
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No Recife, em Pernambuco, três projetos de mobilidade foram parcialmente entregues, incluindo o Terminal Cosme e Damião, que integra o Metrô às linhas de ônibus, mas atualmente atende apenas mil pessoas por mês.