Uma professora de um Centro de Educação Infantil (CEI) em Itajaí, no Litoral Norte de Santa Catarina, foi afastada de suas funções em agosto deste ano, após ser denunciada por maus-tratos a uma criança autista de três anos. A denúncia, feita pelos pais do menino, Luhan Queiroz de Menezes e Sabrina Santos Pereira, relata que o filho teria sido amarrado na cadeira com um pedaço de pano durante o horário escolar, supostamente como forma de controle do comportamento da criança.
De acordo com o relato do pai, a criança não apresentava marcas físicas visíveis, o que inicialmente dificultou a percepção dos maus-tratos. “Ele pedia socorro, só que a gente não sabia que ele estava pedindo socorro, porque ele é não-verbal. Então, a gente tem um sentimento de culpa. Só queremos viver em paz e fazer a justiça”, disse a mãe do menino, em entrevista à NDTV Record, emocionada ao lembrar da situação.
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O pai também afirmou que o comportamento do filho, que apresenta crises ocasionais, não é diferente do de outras crianças. Ele reforçou que as alegações da professora de que o menino precisaria ser amarrado para sua própria segurança eram infundadas. Segundo Luhan, as crises do filho, embora intensas, se assemelham às de qualquer criança quando contrariada, e não justificam o tratamento que ele teria recebido. “Qual é a criança que não se joga no chão ao ser contrariada? Além disso, ela [a professora] disse que eu tinha conhecimento e que eu consentia com tudo o que acontecia, e não é verdade. Eu nunca vi e nunca soube, soube apenas agora, e eu nunca jamais iria consentir com um absurdo desses com meu filho.”
A denúncia foi formalizada à Secretaria de Educação de Itajaí, que prontamente afastou a profissional do cargo até que o caso seja devidamente investigado. Um processo administrativo disciplinar foi instaurado para averiguar os acontecimentos. Em nota oficial, a Prefeitura Municipal de Itajaí afirmou que tomou conhecimento da situação e que a medida de afastamento da professora visa garantir uma investigação justa e transparente. A administração municipal garantiu que o caso será tratado com seriedade, ressaltando a necessidade de apuração criteriosa para assegurar a segurança e o bem-estar dos alunos da rede pública de ensino.
O caso gerou grande comoção na comunidade escolar e levantou debates sobre a preparação e o treinamento dos profissionais de educação para lidar com crianças que possuem necessidades especiais, como o autismo. Especialistas têm alertado para a necessidade de capacitação contínua dos educadores, não apenas no trato com crianças autistas, mas também no desenvolvimento de uma abordagem inclusiva e humanizada para todos os alunos.
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Ainda não se sabe se a professora será indiciada por maus-tratos ou outras penalidades, mas o caso está sendo acompanhado de perto tanto pelas autoridades locais quanto pela sociedade civil. Organizações que defendem os direitos de crianças com autismo também se pronunciaram, reforçando que situações como essa são inadmissíveis em ambientes educacionais, que devem ser espaços de acolhimento e respeito.
Enquanto a investigação segue, a família da criança vive momentos de dor e incerteza. A mãe, Sabrina, externou seu desespero ao descobrir que o filho estava sofrendo, sem que ela ou o marido percebessem as agressões. “A gente sente um peso muito grande. Ele não conseguia se expressar, não conseguia dizer o que estava passando. Como mãe, me sinto culpada por não ter percebido antes, mas agora só quero justiça pelo meu filho”, desabafou.
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A comunidade escolar de Itajaí também tem se mostrado dividida em relação ao caso. Enquanto alguns defendem que a professora afastada sempre foi uma profissional exemplar, outros reforçam a necessidade de uma punição exemplar, caso a denúncia seja comprovada. O debate sobre a atuação de profissionais da educação em situações delicadas como essa só intensifica a urgência de uma política pública mais clara e eficaz para o tratamento de crianças com autismo.
O caso ainda está em andamento e depende da conclusão do processo administrativo. Enquanto isso, a professora permanece afastada de suas funções, e a criança continua recebendo acompanhamento da família, que busca por justiça e uma resolução definitiva para o ocorrido.