Mais de mil cidades brasileiras estão em estado de alerta devido aos perigosos níveis de umidade do ar, que chegaram a índices comparáveis aos encontrados em desertos como o Saara. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) divulgou um relatório nesta quarta-feira (4) informando que a umidade relativa do ar caiu para menos de 12% em várias áreas do país, um nível alarmantemente baixo em comparação com o recomendado pela Organização Mundial da Saúde.
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A seca severa, que afeta a capital Brasília e extensas regiões de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, tem causado um “grande risco de incêndios florestais e problemas de saúde”, conforme o Inmet. Em algumas localidades, a umidade caiu para níveis ainda mais críticos, abaixo de 10%, chegando a 7% em diversas áreas.
Ana Paula Cunha, pesquisadora do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), afirmou que os níveis de umidade são “tão baixos” quanto os registrados no deserto do Saara. A seca prolongada, que é a mais intensa e extensa desde que os registros começaram na década de 1950, está exacerbando a situação. Cunha explicou que os impactos observados não são apenas resultado da estação seca atual, mas também do efeito acumulado da falta de chuvas desde o verão de 2023-2024.
Os incêndios, especialmente na Amazônia e no Pantanal, além do estado de São Paulo, têm sido amplificados por essa seca extrema. Recentemente, nuvens de fumaça de incêndios na Amazônia cobriram grandes cidades como Brasília, que não recebe chuvas há mais de 130 dias. Na terça-feira, um grande incêndio foi declarado na Floresta Nacional de Brasília, área crucial para o abastecimento de água da região, destacando a gravidade da crise ambiental enfrentada pelo país.