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Notícias do Brasil – A endometriose é uma doença impactante, caracterizada pelo crescimento anormal de tecido endometrial fora do útero. Esta condição afeta aproximadamente uma em cada dez mulheres e é notória por provocar sintomas dolorosos como cólicas intensas, dor abdominal ou pélvica e desconfortos durante relações sexuais. Devido à sua natureza insidiosa e sintomas genericamente dolorosos, o diagnóstico preciso da endometriose é desafiador, levando, em média, nove anos.
Em uma tentativa de superar a lentidão e dificuldade nos diagnósticos de endometriose, a França introduziu um método revolucionário chamado “Endotest”. Este teste de saliva, que surgiu a partir de pesquisas recentes, busca marcar um progresso substancial, oferecendo resultados rápidos e precisos a 839 euros (cerca de R$ 5.100), em um prazo de 10 dias. Isso é feito por detectar microRNAs específicos da endometriose na saliva, uma descoberta feita através de inteligência artificial e publicada no New England Journal of Medicine Evidence.
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Atualmente, 25 mil pacientes acima de 18 anos têm a oportunidade de usar este teste numa fase experimental, coberta por reembolso governamental francês. A escolha por essa abordagem experimental, realizada em 80 hospitais, visa testar e verificar a utilidade clínica do “Endotest” com uma sensibilidade impressionante de 96% e especificidade de 95%.
Desafios e Limitações na Implementação do “Endotest”
Apesar do potencial transformador do “Endotest”, há ressalvas importantes a serem consideradas. Segundo Márcia Mendonça Carneiro, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, a falta de diversidade étnica nas amostras pode comprometer a aplicabilidade universal do teste. Além disso, o estudo publicado teve o financiamento da empresa desenvolvedora, o que suscita dúvidas sobre um possível conflito de interesses que precisa ser meticulosamente investigado.
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Marcos Tcherniakovsky, da Sociedade Brasileira de Endometriose, também aponta o alto custo como um impedimento para a ampla adoção do “Endotest”. Comparativamente, os métodos tradicionais de diagnóstico, como ultrassonografia e ressonância magnética, ainda são preferidos nos sistemas de saúde devido a sua precisão e cobertura por seguros de saúde.
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Embora o “Endotest” represente um avanço significativo na busca por diagnósticos mais rápidos e menos invasivos para a endometriose, sua implementação eficaz ainda encontra barreiras significativas. A fase de testes atual é crucial para determinar a sua viabilidade a longo prazo e adaptabilidade em diferentes contextos populacionais e sistemas de saúde.
A iniciativa francesa de começar a incorporar tecnologias inovadoras no diagnóstico de condições complexas como a endometriose é louvável, mas como destacado por especialistas, ainda há um caminho a ser percorrido para que tais avanços beneficiem todos os pacientes de maneira equitativa e acessível.