- Investigações de Moraes contra bolsonaristas não foram espontâneas, diz Folha de S.Paulo-Foto: Lula Marques | Agência Brasil
A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira (11) dois indivíduos acusados de envolvimento na chamada “Abin [Agência Brasileira de Inteligência] paralela” no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Entre os detidos estão Giancarlo Gomes Rodrigues, militar do Exército, e Marcelo Araújo Bormevet, policial federal. As investigações revelaram conversas chocantes entre os dois, que variaram desde o apoio ao impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), até ameaças de violência extrema contra ele como um tiro na cabeça.
Em uma das conversas interceptadas pela PF, Giancarlo sugeriu que o ministro merecia “algo a mais”, ao que Bormevet prontamente respondeu “7.62”, referindo-se a um calibre de fuzil. Giancarlo foi além, afirmando “head shot”, termo que significa tiro na cabeça. Essas trocas de mensagens ocorreram após a divulgação de uma notícia sobre o afastamento de um delegado da Polícia Federal que investigava o ataque hacker ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por ordem de Moraes.
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Além das ameaças explícitas, os dois discutiram a criação de um abaixo-assinado pelo impeachment de Moraes. Bormevet enviou a proposta a Giancarlo, que perguntou do que se tratava. Bormevet então respondeu que queria a assinatura do colega e brincou: “Acho que tu é melancia”, uma referência pejorativa a militares que, apesar de usarem uniforme verde, teriam convicções políticas de esquerda, representadas pela cor vermelha.
Giancarlo, em uma tentativa de humor, respondeu dizendo que era “melancia” porque seu órgão sexual era vermelho, e logo em seguida reafirmou sua hostilidade contra o ministro com um comentário vulgar: “com esse careca filho da p*, só tiro mesmo”.
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A Operação Última Milha, deflagrada nessa quinta-feira, está em sua quarta fase. O objetivo é desarticular uma organização criminosa que realizava monitoramentos ilegais de autoridades públicas e produzia notícias falsas. O grupo utilizava sistemas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Os detidos são suspeitos de integrarem essa rede clandestina de espionagem e disseminação de desinformação. A operação destaca a gravidade das ações realizadas pelo grupo e seu potencial de comprometer a segurança e a integridade das instituições democráticas do país.
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A prisão de Rodrigues e Bormevet é um avanço significativo nas investigações da Polícia Federal, que tem como objetivo esclarecer até que ponto essas atividades ilegais afetaram o funcionamento do governo e das instituições judiciais. A revelação de ameaças diretas contra um ministro do STF sublinha a seriedade dos crimes investigados.