Nessa sexta-feira (1º), o programa Em Pauta, da Globonews, virou palco de uma discussão acalorada entre os comentaristas Demétrio Magnoli e Sandra Coutinho. A discussão surgiu durante a análise das eleições norte-americanas, mais especificamente sobre a vice-presidente Kamala Harris e os desafios de seu partido em conquistar o voto do eleitorado negro.
Sandra Coutinho, ao falar sobre as dificuldades que Harris enfrentaria, argumentou que a questão de gênero tem um papel central na rejeição à vice-presidente. Ela sugeriu que parte do eleitorado poderia estar relutante em apoiar uma mulher no poder, devido a um machismo ainda velado. “As pessoas têm vergonha de dizer que são misóginas”, afirmou a jornalista, referindo-se ao preconceito que ela acredita afetar a popularidade de Kamala.
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Durante sua fala, Coutinho enfatizou que seu ponto de vista estava embasado em experiências de observação no campo e que, enquanto mulher, teria um entendimento particular sobre o tema. “Acompanhei várias pessoas falando na Geórgia e na Carolina do Norte que não querem uma mulher na Presidência”, disse. Em seguida, Sandra destacou sua posição com um comentário direto sobre “lugar de fala”, afirmando que, por ser mulher, tinha uma perspectiva diferenciada sobre os desafios enfrentados por Harris.
Demétrio Magnoli, que estava ao seu lado no estúdio, prontamente respondeu, trazendo uma visão mais técnica sobre a análise política. Ele discordou da ideia de que gênero seria o fator determinante na falta de apoio a Harris e expressou seu próprio “lugar de fala” como analista político. “Também tenho lugar de fala. Tenho lugar de fala porque sou analista político”, retrucou Magnoli, em uma tentativa de reposicionar o debate para além da questão de gênero.
“Você está mansplaining para mim, né? Algo que estou tentando dizer como mulher. Curioso, né?”, disse Sandra.
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O termo mansplaining é a junção de duas palavras em inglês, “man”, que quer dizer “homem”, e “explaining”, que quer dizer “explicar”. O mansplaining ocorre, segundo a subliteratura feminista, quando algum homem começa a explicar algo para uma mulher, mesmo que óbvio, assumindo que a própria mulher não entende sobre o assunto.
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“Você está proibindo que eu exerça a minha profissão”, defendeu-se Magnoli. “Não, de jeito nenhum. O que eu estou querendo dizer é que a minha experiência de vida me mostra que é mais difícil a gente conseguir o que quer que seja pelo fato de ser mulher. Você está me interrompendo, está fazendo uma coisa feia chamada mansplaining. Deixa eu terminar de falar”, pediu a jornalista.
Magnoli riu e Sandra não gostou. “Eu acho, inclusive, que é feio você rir debochadamente. Eu não faço isso com você, Demétrio, tenho respeito pela sua opinião. Eu fiz uma brincadeira sobre o lugar de fala. Eu acho importante a gente entender que não se trata de mimimi. Muita gente fala que é questão econômica [a rejeição a Kamala Harris], mas também conta a questão de ela ser mulher”, afirmou ela.