Usado atualmente como um exemplo de vítima de fake news por uma parte de veículos de imprensa e até pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o youtuber Felipe Neto já foi condenado por justamente disseminar conteúdo falso na internet, no que motivou até uma multa contra o influenciador.
Em junho, uma decisão tomada pela juíza Giselle Rocha Raposo, do 3° Juizado Especial Cível de Brasília, condenou o influenciador a indenizar em R$ 8 mil o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Augusto Xavier da Silva, em razão de acusações falsas feitas pelo youtuber contra o gestor, nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro em 2019.
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Entre as acusações divulgadas por Neto, estavam alegações de que Marcelo Silva teria ajudado invasores de terras indígenas, sido reprovado em prova da Polícia Federal (PF) por problemas psicológicos e também agredido o pai idoso “com um murro na cara”.
– Jair Bolsonaro odeia os indígenas e nunca escondeu isso, mas colocar um sujeito com problemas mentais e que já ajudou invasores de terras indígenas pra ser presidente da Funai vai além de todos os limites da perversidade humana. O cara é podre por dentro – escreveu Felipe em uma das acusações feitas pelo Twitter.
Para tentar se livrar das acusações, Felipe chegou a afirmar que apenas teria replicado conteúdo veiculado pela imprensa. Na ocasião, ele citou duas reportagens do jornal O Globo e uma da revista Época. A magistrada, porém, considerou que o youtuber foi além da replicação das informações.
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– O requerido [Felipe], ao tecer seus comentários sobre o autor [Silva], não trouxe qualquer ressalva ou menção que os fatos ali citados estavam sob investigação, expondo partes de reportagens avulsas e descontextualizadas acerca das investigações dos supostos ilícitos cometidos pelo autor ultrapassando, assim, os limites do exercício da liberdade de expressão – relatou a juíza na decisão.
Ainda na decisão, a juíza reforçou que Felipe Neto foi além de uma simples opinião. De acordo com ela, Felipe Neto contribuiu para espalhar informação sem veracidade comprovada. Assim, desinformou e ofendeu o então recém-nomeado presidente da Funai.
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– No caso, entendo que o requerido agiu com abuso de direito ao ultrapassar o amplo direito de expressão e lançar ponderações desnecessárias e descontextualizadas – completou.