
Cena da série O Eternauta com Buenos Aires coberta de neve tóxica – Reprodução
Cinema -A série O Eternauta, lançada pela Netflix em 30 de abril de 2025, é uma adaptação ambiciosa da icônica graphic novel argentina de Héctor Germán Oesterheld e Francisco Solano López. Estrelada por Ricardo Darín e dirigida por Bruno Stagnaro, a produção conquistou o público brasileiro, alcançando o topo das mais assistidas na plataforma. Mas será que a série faz jus à obra original? Nesta crítica, exploramos os pontos altos e baixos dessa distopia latino-americana que combina ficção científica, drama humano e reflexões sociais.
Uma Buenos Aires Pós-Apocalíptica que Impressiona
Desde os primeiros minutos, O Eternauta transporta o espectador para uma Buenos Aires irreconhecível, coberta por uma neve tóxica que aniquila quase tudo. A ambientação é um dos maiores trunfos da série, com cenários meticulosamente construídos que evocam desolação e mistério. A fotografia, assinada por Gastón Girod, cria uma atmosfera sufocante, reforçada por efeitos visuais que rivalizam com grandes produções internacionais.
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A escolha de atualizar a história para os dias atuais, com paralelos a pandemias e crises climáticas, dá frescor à narrativa. A série não apenas recria o visual da HQ, mas também captura sua essência: a luta pela sobrevivência em um mundo onde o inimigo é desconhecido e avassalador.
Por que assistir? A recriação visual de Buenos Aires e a tensão crescente fazem de O Eternauta uma experiência imersiva para fãs de distopias como The Last of Us.
Ricardo Darín e o Elenco: Emoção em Cada Cena
Ricardo Darín, no papel de Juan Salvo, entrega uma atuação memorável. Mesmo enfrentando desafios como atuar com uma máscara em várias cenas, ele transmite vulnerabilidade e determinação, tornando o protagonista um ponto de conexão emocional com o público. O elenco de apoio, incluindo nomes como Carla Peterson, também brilha, dando vida a personagens que enfrentam dilemas humanos universais: proteger a família, confiar no outro ou sucumbir ao desespero.
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A força do coletivo, um tema central da HQ, é bem explorada na série. As interações entre os personagens criam momentos de ternura e tensão, ancorando a trama em algo palpável mesmo em meio ao caos alienígena.
Onde a Série Acerta (e Onde Escorrega)
O Eternauta acerta ao equilibrar espetáculo visual com reflexões sobre solidariedade e resistência. A narrativa, que ganha força a partir do quarto episódio com a revelação da ameaça extraterrestre, mantém o espectador intrigado, deixando ganchos para a já confirmada segunda temporada. A abordagem de temas sociais, como a crítica ao individualismo, ressoa com o público brasileiro, que vê paralelos com questões contemporâneas.
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No entanto, a série não está isenta de falhas. Para alcançar uma audiência global, a produção suaviza elementos culturais e políticos específicos da Argentina, como as alegorias contra regimes autoritários presentes na HQ. Essa universalização, embora estratégica, faz com que a série perca um pouco do “sabor portenho” que os fãs brasileiros, familiarizados com a obra original, poderiam esperar. Além disso, o ritmo lento em alguns episódios e cenas escuras podem frustrar quem busca mais ação ou clareza visual.
Recepção no Brasil: Um Sucesso com Ressalvas
No Brasil, O Eternauta foi recebido com entusiasmo. Críticas de portais como Omelete (4/5) e CinePOP destacam a qualidade técnica e a imersão narrativa, enquanto a Folha de S.Paulo elogia a ambientação, mas lamenta a diluição do contexto político. No X, brasileiros celebram a série como uma “joia latino-americana”, com elogios à densidade simbólica e à atuação de Darín, embora alguns apontem problemas com traduções no trailer ou cenas mal iluminadas.
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Com uma nota de 7,7/10 no IMDb e 92% de aprovação no Rotten Tomatoes, a série se consolida como um sucesso global, mas não sem dividir opiniões entre puristas da HQ e novos espectadores.
Vale a Pena Assistir O Eternauta?
Sim, e muito! O Eternauta é uma rara oportunidade de ver a ficção científica latino-americana brilhar em escala global. Apesar de algumas concessões para o público internacional e um ritmo que exige paciência, a série entrega uma história envolvente, atuações marcantes e uma reflexão poderosa sobre o que nos torna humanos em tempos de crise. Para fãs de distopias, da HQ original ou de produções com DNA sul-americano, é um prato cheio.
Prepare-se para se emocionar, questionar e aguardar ansiosamente pela segunda temporada. O Eternauta não é apenas uma série — é um convite a olhar para o futuro com coragem e esperança.
Nota final: 4/5 estrelas. Uma distopia que honra suas raízes e aponta para um futuro promissor.
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