
Foto: Yuri Cortez
A Venezuela intensificou suas ameaças de incorporar parte da Guiana e garantir o acesso a algumas das maiores reservas petrolíferas do mundo descobertas em mais de uma década, movimentando tanques leves, embarcações de patrulha com mísseis e porta-aviões blindados em direção à fronteira dos dois países. Esse desdobramento se torna rapidamente um novo desafio de segurança para o governo do presidente dos EUA, Joe Biden.
A mobilização, evidenciada em imagens de satélite divulgadas nesta sexta-feira e vídeos recentemente compartilhados pelos militares venezuelanos nas redes sociais, representa um aumento significativo nas tentativas de Caracas de obter vantagens sobre as novas reservas energéticas de seu vizinho. Isso acontece apesar de um acordo escrito firmado em dezembro entre o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e o presidente da Guiana, Irfaan Ali, que condenou o uso de força e solicitou a criação de uma comissão para resolver disputas territoriais.
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Desde o final do ano passado, o governo venezuelano, que possui um exército de aproximadamente 150 mil soldados ativos e armamento moderno fornecido pela aliada Rússia, intensificou as reivindicações sobre Essequibo, uma região predominantemente coberta por florestas que compreende dois terços do território da Guiana.
O reforço militar e a linguagem cada vez mais belicosa de Caracas ocorrem no momento em que a Guiana desponta como uma das fronteiras energéticas mais importantes do mundo, após descobertas de petróleo offshore por um consórcio liderado pela Exxon Mobil. A antiga colônia britânica, com uma população de 800.000 habitantes, possui uma força de defesa de apenas 3.000 militares, o que obriga o governo a recorrer aos EUA para melhorar suas capacidades defensivas.
“Não estamos surpresos com a má-fé da Venezuela”, disse o Ministério das Relações Exteriores da Guiana em comunicado ao The Wall Street Journal em resposta a perguntas sobre o destacamento militar. “Estamos desapontados, não surpresos.”
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O Ministério da Informação da Venezuela não respondeu a ligações e e-mails solicitando comentários. O país disse que está reforçando suas defesas em resposta aos exercícios militares dos EUA na Guiana em dezembro e ao envio pelo Reino Unido de um pequeno navio antinarcóticos, o HMS Trent, para as águas da Guiana.
Na quarta-feira, o ministro de Defesa da Venezuela, Vladímir Padrino, acusou a Exxon de depender dos militares norte-americanos para sua segurança e de usar a Guiana para seu próprio benefício.
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As mobilizações de Maduro, juntamente com um referendo que realizou em dezembro, no qual afirmou que milhões de venezuelanos deram aval aos planos para o país assumir Essequibo, alarmaram a administração Biden, que já lida com o ônus de formular uma resposta às alianças da Venezuela com a Rússia, o Irã e a China.
Estadão Conteúdo