Pesquisa Ibope divulgada na segunda-feira (1º) mostra perda de fôlego de Fernando Haddad entre o típico eleitor lulista – a partir da eleição de 2002, o PT tem vencido entre os brasileiros menos escolarizados, de mais baixa renda e concentrados na região Nordeste. Bolsonaro, por outro lado, avançou três pontos entre os de menor renda (tem agora 19%), manteve-se estável entre os menos escolarizados (19%) e cresceu quatro pontos entre o eleitor do Nordeste, chegando a 21%, na comparação com a pesquisa feita entre os dias 22 e 23 de setembro.
Mesmo com as manifestações de mulheres contra Bolsonaro, o ex-capitão cresceu entre elas: passou de 21% para 24% das intenções de voto – a alta ocorreu principalmente entre as eleitoras de classe média e mais ricas. Haddad oscilou negativamente um ponto, passando de 21% para 20%.
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A rejeição do candidato do PSL também diminuiu entre as mulheres, passando de 54% para 51%. Já a do petista cresceu sete pontos, chegando a 33%. A pesquisa Ibope foi a campo entre sábado (29) e domingo (30) – a manifestação das mulheres contra Bolsonaro pelo Brasil e pelo mundo foi no sábado.
De acordo com os dados do Ibope, Haddad perdeu quatro pontos entre aqueles que têm renda familiar de até um salário mínimo, passando em uma semana de 30% para 26% das intenções de voto. Também oscilou negativamente dois pontos entre os menos escolarizados, de 28% para 26% das intenções de voto. Ainda está à frente de Jair Bolsonaro entre esses estratos. Mas o candidato do PSL avançou no grupo dos que têm renda familiar de até 1 salário mínimo, passando de 16% para 19% das intenções de voto e manteve 19% entre os menos escolarizados.
No Nordeste, onde Haddad tem seu melhor desempenho, o candidato do PT oscilou positivamente um ponto, chegando a 35% das intenções de voto. Entre os eleitores do Sudeste recuou, passado de 16% para 13% em uma semana, enquanto Bolsonaro ampliou ainda mais a vantagem na região com o maior número de eleitores do país: passou de 31% para 35%.
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A pesquisa trouxe boas notícias para Bolsonaro, apesar de ele ter ficado sob ataque dos adversários na semana passada, e das manifestações das mulheres. A campanha negativa foi, inclusive, alimentada por fogo amigo, como declarações do vice, General Hamilton Mourão sobre o 13º salário, e a descoberta de um processo da ex-mulher contra o candidato do PSL, no qual ela o acusava inclusive de roubo de um cofre.
Adversários alegam que Bolsonaro desenvolveu uma espécie de “efeito teflon”, em que nadda contra ele cola. Parte desse mecanismo está relacionada à força do antipetismo, que tornou proporções maiores no eleitorado depois que Haddad começou a crescer nas pesquisas.
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O candidato do PT também teve uma onda de notícias ruins na sua campanha, como os ataques dos adversários destacando casos de corrupção do partido e a má avaliação de sua administração na prefeitura de São Paulo e até as declarações polêmicas de José Dirceu, segundo as quais o Ministério Público age como “polícia política”. Dirceu se tornou uma espécie de Mourão de Haddad no sentido de criar polêmicas para a campanha.
Pelo Ibope divulgado ontem, as intenções de voto em Haddad já refletem parte do estrago e do fortalecimento do movimento antipetista, que ganha diferentes estratos socioeconômicos e que tem Bolsonaro como maior representante.
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Bolsonaro também cresceu entre os mais ricos, chegando a 46% (antes tinha 42%) – Haddad passou de 15% para 17%. Entre aqueles que têm ensino superior, Bolsonaro cresceu 7 pontos, alcançando 40% (Haddad tinha 16% e passou para 14%).
Quem mais cresceu entre os mais pobres, porém, foi Geraldo Alckmin: o candidato tucano passou de 6% para 12% das intenções de votos entre os que têm renda familiar de até um salário mínimo. Alckmin, porém, não conseguiu reagir nos estratos mais escolarizados e mais ricos, segundo o Ibope, mesmo após a semana intensa de críticas a Bolsonaro. Esse era o eleitor que tradicionalmente votava no PSDB e que migrou agora para o candidato do PSL, que passou a atrair também o voto útil de eleitores de outros candidatos como os de Marina Silva (Rede), João Amôedo (Novo) e Alvaro Dias (Podemos).