A Polícia Federal (PF) indiciou os senadores Eduardo Braga (AM) e Renan Calheiros (AL), ambos do MDB, além do ex-senador Romero Jucá (RR), também do mesmo partido, por suspeita de envolvimento em um esquema de corrupção relacionado ao Grupo Hypermarcas. De acordo com a investigação, o trio teria recebido propinas milionárias da empresa farmacêutica em troca da defesa de interesses da companhia no Congresso Nacional. A PF atribui aos parlamentares os crimes de corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro, resultantes de um inquérito iniciado há seis anos pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O indiciamento, que se baseia na delação de Nelson Mello, ex-diretor de Relações Institucionais do Grupo Hypermarcas, foi encaminhado ao ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no STF, em agosto. Segundo Mello, as propinas foram negociadas por intermédio do lobista Milton Lyra, que alegava atuar em nome dos senadores. Lyra também foi indiciado no caso. De acordo com as declarações do delator, o objetivo era garantir que os parlamentares tomassem iniciativas favoráveis aos interesses da Hypermarcas e do setor farmacêutico no Congresso.
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A defesa de Eduardo Braga se manifestou sobre o caso em nota enviada ao Portal AM POST, na qual classificou as acusações como “ilações esdrúxulas”. “Há evidências claríssimas de que o parlamentar não manteve contato com o delator, que, além de mudar sua versão quatro anos depois, baseia suas declarações em mero ‘ouvir dizer’. Não tenho dúvidas de que o inquérito será arquivado. Triste, porém, é ver mais um episódio de vazamento ilegal”, afirmou a defesa do senador.
O processo agora segue para a análise da Procuradoria-Geral da República (PGR), que será responsável por decidir se apresentará denúncia formal contra os parlamentares ao STF. Caso a PGR opte por denunciar Braga e Calheiros, ambos continuarão respondendo no Supremo Tribunal Federal, por conta do foro privilegiado que possuem devido aos seus cargos. No entanto, no caso de Romero Jucá, que não ocupa mais nenhum cargo eletivo, o processo deverá tramitar na primeira instância da Justiça, uma vez que ele não tem mais direito ao foro por prerrogativa de função.
O inquérito em questão teve início com base nas revelações feitas na delação de Nelson Mello no âmbito da Operação Lava Jato, em 2018. Mello foi um dos executivos da Hypermarcas que colaborou com as autoridades na tentativa de reduzir sua pena, revelando detalhes sobre o esquema de propinas que envolvia políticos influentes no Congresso Nacional. Segundo o delator, os pagamentos indevidos teriam sido realizados por meio de operadores, entre eles Milton Lyra, para facilitar a aprovação de legislações de interesse do grupo.
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O caso dos senadores Eduardo Braga, Renan Calheiros e Romero Jucá é mais um desdobramento das investigações da Lava Jato, que desmantelou um vasto esquema de corrupção envolvendo políticos e grandes empresas no Brasil. A operação, que completou uma década em 2024, ainda gera repercussões significativas no cenário político do país, com novos capítulos surgindo de investigações abertas há anos.