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Notícias de Manaus – Nesta terça-feira (1º), uma antiga conversa telefônica do vereador de Manaus e ex-policial militar Sargento Salazar veio à tona, revelando suas falas carregadas de frustração por não ter executado dois suspeitos de assalto. O áudio faz parte do processo da Operação Alcateia, realizada pela Polícia Federal em 2015, que teve como objetivo apurar a prática de crimes de homicídio por um suposto grupo de policiais militares que atuava em atividade típica de extermínio na Capital. Ainda nesta quarta-feira (02), a Justiça do Amazonas dará continuidade aos julgamentos de novos réus apontados como integrantes do grupo.
No áudio divulgado pelo site Fatos Marcantes, Salazar revela a frustração de não ter tomado uma atitude extrema durante um assalto que presenciou. “Eu estou chorando aqui, cara, de tanta raiva. Presenciei um assalto e me acovardei, medo de bloquear. Ali na Avenida das Torres os caras estavam na minha mão, dava para eu ter matado os dois”, diz ele, em uma conversa com um interlocutor identificado como Diniz. O tom de desespero em suas palavras não é fruto de arrependimento, mas sim de frustração por não ter agido da maneira que ele, equivocadamente, acredita ser a mais “adequada.”
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⏯️ Ligação telefônica de sargento Salazar foi interceptada pela PF em investigação sobre milícia: “Dava pra eu ter matado os dois”
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Salazar continua explicando que se sentiu intimado internamente dentro da Polícia Militar, citando a pressão do Comandante-Geral e da Major Romero, que teriam criticado uma execução anterior de outro assaltante. “Querem o nosso fígado lá, bicho, por causa da morte daquele assaltante lá… isso me desmotiva. Eu tô em pânico aqui porque não quebrei eles. Dava pra eu baixar o vidro e sentar o dedo neles”, completa o ex-policial.
Nesta quarta-feira (02), a Justiça do Amazonas dará sequência ao julgamento de novos réus envolvidos no esquema de extermínio. O caso também expõe uma crescente preocupação com a atuação de grupos de extermínio dentro da Polícia Militar e as implicações disso para a sociedade.
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Outro caso
Salazar (PL) é acusado em outro caso de homicídio pelo Ministério Público do Amazonas em decorrência de um incidente ocorrido em junho de 2019. A acusação, que foi revelada em janeiro deste ano pelo jornal Folha de S. Paulo, é fruto de uma investigação conduzida pelo órgão sobre um caso em que Salazar disparou contra um homem, resultando em sua morte.
Segundo a denúncia, o episódio aconteceu quando o ex-PM,estava em seu carro sem farda e presenciou um assalto à mão armada em um ponto de ônibus em Manaus. Ao perceber a ação criminosa, Salazar iniciou uma perseguição aos suspeitos em seu veículo. Durante o acompanhamento, ele colidiu com a moto utilizada pelos assaltantes e, em seguida, disparou seis tiros contra um dos homens envolvidos, identificado como Felipe Kevin de Oliveira Costa, de 27 anos. O disparo causou a morte de Felipe, enquanto o outro suspeito conseguiu escapar da cena.
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Segundo a Folha, a investigação ficou paralisada por um ano e meio, sem pistas do autor dos disparos. Salazar só se apresentou à Polícia Civil e assumiu a autoria da morte um ano e meio depois, quando o portal CM7 publicou as imagens de uma câmera de rua, citando seu nome.
- Sargento Salazar teve ligação telefônica interceptada pela PF em investigação sobre milicianos; ouça áudio
“O sargento disse que agiu de acordo com a lei. Afirmou que o carona deu dois tiros em sua direção durante a perseguição de carro, que a moto caiu e que, quando correu para detê-los, o homem atirou uma terceira vez. Ele, então, revidou, dizendo não se lembrar quantos disparos realizou”, diz trecho da reportagem.
No entanto, o jornal destaca que a investigação revelou que Felipe Kevin não era o assaltante armado. De acordo com o depoimento da mulher que teve sua bolsa roubada, ele não foi o autor do crime. Além disso, as imagens das câmeras de segurança mostram que os veículos de Salazar e dos assaltantes se aproximaram de direções opostas antes da colisão, o que sugere que a versão do deputado não corresponde aos fatos.
Em declaração à Folha, Salazar afirmou ter sido inocentado em outros processos e garantiu que se defenderia publicamente por meio de suas redes sociais. O vereador, por meio de seu advogado, disse que “a arma estava com o criminoso que fugiu”, embora sua versão contradiga seu depoimento original.