Redação AM POST
O flagra do repórter fotográfico Edmar Barros dentro do Cemitério no Tarumã, que tem registrado uma “explosão de sepultamentos” após o início da pandemia, ganhou o mundo nos últimos dias. A foto que mostra os garis municipais que trabalham na limpeza do local almoçando de forma improvisada: sem pratos e em cima de um saco plástico foi denunciada na última sexta-feira à Organização das Nações Unidas (ONU) e aos órgãos públicos do Amazonas.
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Nas redes sociais, Edmar Barros contou que fez a fotografia enquanto cobria os sepultamentos das vítimas da Covid-19. “Garis da Prefeitura de Manaus que trabalham na limpeza do Cemitério Parque Tarumã almoçam de forma improvisada. No local não haviam pratos e eles improvisaram um saco plástico, colocaram a comida em cima e fizeram uma roda. Cada um com sua colher, se alimentaram. Um completo descaso do poder público com esses heróis do dia a dia”, relatou na publicação.
O advogado Marcelo Amil e o sociólogo Luiz Carlos Marques decidiram denunciar o caso aos órgãos públicos e de direitos humanos. A denúncia foi enviada à Comissão de direitos humanos da ONU; à Câmara Municipal de Manaus; à Procuradoria Geral do Município; ao Ministério Público do Estado do Amazonas; ao Ministério Público do Trabalho e à Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Amazonas (OAB-AM)
Luiz Carlos relata que, além da negligência quanto às condições de alimentação e sanitárias desses trabalhadores, há exposição perigosa à Covid-19.
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“Os homens trabalhavam sem equipamentos de proteção individual no meio de uma pandemia. E digo mais, como sociólogo, eu observo que um retrato cruel da nossa sociedade que não vê quem ela julga como não importante. São os invisíveis que o poder público insiste em não ver. O poder que não tem o respeito que deveria ter por eles que também são membros dessa sociedade. São pessoas que prestam um grande serviço e estão na linha de frente nesse momento. A ideia de denunciar essa situação vergonhosa foi justamente para revelar o que é invisível para as autoridades do nosso Estado”, salientou o sociólogo.