
Israel pede que ‘nações do mundo civilizado’ se oponham a pedido de mandado de prisão do TPI – Primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu e o ministro da Defesa do país, Yoav Gallant, são alvos da tentativa de mandado de prisão de um procurador-chefe do TPI.
Israel pediu “às nações do mundo civilizado” que se opusessem ao pedido de emissão de mandados de prisão apresentado pelo procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI) na segunda-feira, 20, e declarassem que vão ignorar os mandados.
Contexto dos Mandados de Prisão
Karim Khan, procurador do TPI, solicitou mandados de prisão contra autoridades israelenses, incluindo o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu e o ministro da Defesa Yoav Gallant, além de três líderes do grupo terrorista Hamas, sob suspeitas de crimes de guerra e crimes contra a humanidade na Faixa de Gaza.
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Apelo de Israel às Nações do Mundo Civilizado
O porta-voz do governo israelense, Tal Heinrich, declarou na terça-feira, 21: “Apelamos às nações do mundo civilizado e livre — nações que desprezam os terroristas e qualquer um que os apoie — para que apoiem Israel. Vocês deveriam condenar abertamente esta medida.”
Ele acrescentou: “Oponha-se à decisão do promotor e declare que, mesmo que os mandados sejam emitidos, você não pretende aplicá-los. Porque não se trata de nossos líderes. Trata-se de nossa sobrevivência.”
Reações Internacionais e Internas
Embora Netanyahu e Gallant não enfrentem prisão iminente, o anúncio de segunda-feira foi um golpe simbólico que evidenciou o isolamento diplomático de Israel durante a guerra em Gaza. Países como França e Bélgica manifestaram apoio ao TPI e a Khan.
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O Ministério dos Negócios Estrangeiros da França, através de Stéphane Séjourné, declarou: “A França apoia o Tribunal Penal Internacional, a sua independência e a luta contra a impunidade em todas as situações.” De forma semelhante, o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Bélgica, Hadja Lahbib, afirmou no X: “Crimes cometidos em Gaza devem ser processados no mais alto nível, independentemente dos perpetradores.”
Repercussão em Israel
O pedido do TPI foi interpretado em Israel como uma equiparação entre as lideranças israelenses e as do grupo terrorista Hamas, provocando uma indignação que pareceu dar ao primeiro-ministro um suspiro de apoio interno após a crescente insatisfação manifestada pela população sobre a demora de Netanyahu para conquistar os objetivos de Israel na guerra.
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O jornal Yediot Ahronot criticou fortemente o TPI com a manchete “A hipocrisia de Haia”, denunciando “a ousadia intolerável” de Khan de colocar Israel ao lado dos líderes do Hamas que “querem aniquilá-lo.”
Respostas das Autoridades Israelenses
Vários funcionários de alto escalão de Israel, incluindo críticos de Netanyahu, também rejeitaram os pedidos de Khan contra as lideranças israelenses. O ministro da Defesa Yoav Gallant, que é alvo de um possível mandado e que tem feito críticas ao premiê, descreveu “o paralelo” traçado por Khan entre o Hamas e o Estado de Israel como “desprezível”.
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Benny Gantz, membro do gabinete de guerra e adversário político de Netanyahu, afirmou que “a posição do promotor de solicitar mandados de prisão é em si um crime de proporções históricas que será lembrado por gerações.” Gantz deu um ultimato ao governo: se não houver mudança de rota até 8 de junho, ele deixará o governo.
Yair Lapid, líder da oposição, escreveu no X: “Os mandados de detenção do TPI são um completo fracasso moral, não podemos aceitar a comparação ultrajante entre Netanyahu e Sinwar, entre os líderes de Israel e os líderes do Hamas.”
Israel não é membro do TPI e não reconhece a sua jurisdição em Israel ou Gaza, o que significa que, se os juízes do tribunal emitissem mandados, Netanyahu e Gallant não enfrentariam qualquer risco de prisão dentro de seu território. Contudo, existiria a chance de prisão se eles viajassem para um dos 124 países membros do tribunal, que inclui a maioria dos países europeus, mas não os Estados Unidos.
Redação Site On
Fonte: Estadão