Notícias do Pará – A maior operação de embargo remoto já realizada pelo Ibama contra o desmatamento ilegal na Amazônia provocou forte reação entre produtores rurais no Pará e levou o governador Helder Barbalho (MDB) a acionar o Palácio do Planalto. A ação ocorre a seis meses da realização da COP30, que será sediada em Belém, e em meio a um alerta de aumento na destruição da floresta.
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A operação, chamada de “Embargão”, integra a iniciativa Controle Remoto e embargou mais de 70 mil hectares e cerca de 5 mil propriedades em cinco estados da Amazônia Legal, com destaque para o Pará, responsável por cerca de metade do total. Utilizando cruzamento de imagens de satélite do Inpe com dados de autorizações legais, o Ibama identificou desmatamentos irregulares e determinou a retirada imediata do gado das áreas embargadas.
A medida, considerada mais ágil que os métodos tradicionais de notificação individual, despertou críticas entre ruralistas e políticos locais, especialmente pelo impacto socioeconômico e pelo curto prazo — 30 dias — para desocupação das áreas. O senador Zequinha Marinho (Podemos-PA) protocolou pedido de audiência com o Ibama, argumentando que os fazendeiros não tiveram oportunidade de defesa.
Em resposta à pressão do setor, Helder Barbalho viajou a Brasília acompanhado de ruralistas e parlamentares, incluindo nomes da base do presidente Lula, como o senador Beto Faro (PT-PA). A comitiva se reuniu com a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, mas o Ibama não participou do encontro. Segundo fontes, a reunião terminou sem decisões concretas, mas com o compromisso de análise do caso.
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Após a reunião, Barbalho afirmou que busca garantir segurança jurídica aos produtores, conciliando a produção com o respeito à legislação ambiental. O governo estadual também reforçou que não se opõe à fiscalização ambiental, mas defende que medidas com forte impacto socioeconômico sejam adotadas com base em critérios técnicos e análise individualizada.
Ruralistas alegam que parte dos embargos foi aplicada de forma imprecisa, devido a limitações nas imagens de satélite, e estimam que entre 10% e 15% das propriedades afetadas possam estar regulares. Eles também reclamam que o prazo estabelecido impossibilita a realocação ou venda adequada do gado.
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Por outro lado, integrantes do Ibama sustentam que o modelo adotado visa impedir que desmatadores tenham tempo para ocultar evidências e lucrar com atividades ilegais. A ação foi planejada desde dezembro de 2023 como resposta ao avanço do desmatamento e à proximidade da temporada de queimadas.
A Secretaria de Relações Institucionais informou que irá se reunir com o Ibama e o Ministério do Meio Ambiente para avaliar os próximos passos.