Diretor da AstraZeneca na China é preso em meio a investigação sobre coleta de dados e importação de medicamentos

O setor farmacêutico global enfrenta novos desafios após o anúncio de que o chefe das operações da AstraZeneca na China, Leon Wang, foi detido em meio a uma investigação abrangente conduzida por autoridades chinesas. A gigante farmacêutica britânica confirmou a detenção do executivo nesta quinta-feira (7), destacando que ele é alvo de uma investigação por suspeita de atividades ilegais relacionadas à coleta de dados e importação de medicamentos não aprovados no país.

A detenção de Wang, confirmada por um representante de comunicações da AstraZeneca em resposta à agência AFP, acontece após o grupo ter revelado em setembro que outros funcionários e ex-funcionários estavam sendo questionados pelas autoridades chinesas sobre atividades relacionadas à coleta de dados de pacientes e possíveis violações das regulamentações de importação de medicamentos.

A China, um mercado essencial para a AstraZeneca, torna o episódio ainda mais sensível para a empresa, que ganhou destaque globalmente com o desenvolvimento de uma vacina contra a covid-19 amplamente utilizada durante a pandemia. Contudo, o país tem reforçado suas leis de proteção de dados e regulamentações de importação de produtos de saúde, o que coloca a AstraZeneca sob escrutínio intensivo.

Investigações sobre Coleta de Dados e Importação Irregular

De acordo com informações da Bloomberg, a investigação de coleta de dados está focada em supostas violações das rígidas leis de privacidade chinesas, que visam proteger os dados de saúde dos cidadãos. As autoridades de Shenzhen, uma das cidades de maior destaque no sul da China, foram responsáveis por questionar cinco cidadãos chineses, entre os quais estavam funcionários e ex-funcionários da AstraZeneca. A suspeita é de que a empresa possa ter violado leis de privacidade ao coletar dados de pacientes sem o devido consentimento ou de maneira inadequada.

A segunda frente investigativa refere-se à possível importação ilegal de um medicamento contra o câncer de fígado. Informações indicam que a AstraZeneca teria importado o fármaco sem aprovação oficial para uso na China continental, o que violaria as regulamentações locais para a introdução de novos tratamentos. O país exige um rigoroso processo de análise e autorização para medicamentos importados, especialmente os destinados ao tratamento de doenças graves, como o câncer.

Impacto no Mercado e na Reputação da AstraZeneca

A China é hoje o segundo maior mercado mundial de produtos farmacêuticos, atrás apenas dos Estados Unidos, e a AstraZeneca depende fortemente desse mercado para sustentar suas operações globais. Com um crescimento acelerado na última década, a empresa consolidou-se como uma das principais fornecedoras de tratamentos de saúde no país. Entretanto, a intensificação da vigilância regulatória no setor de saúde tem desafiado empresas internacionais que buscam expandir ou consolidar sua presença na China.

O caso de Wang e as investigações envolvendo a AstraZeneca podem prejudicar a imagem da empresa tanto na China quanto globalmente, já que os investidores e o público acompanham de perto os desdobramentos. A detenção de um alto executivo e as suspeitas de violação das rígidas leis chinesas representam um sinal de alerta para outras multinacionais que operam no país, demonstrando que o governo chinês está determinado a aplicar suas regulamentações de privacidade e de importação de forma intransigente.

*Com informações da AFP