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Notícias policiais A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quarta-feira (22), a Operação Jeremias 22:17 para aprofundar as investigações sobre o sequestro e tortura de um homem no município de Caracaraí, em Roraima. A ação mobilizou agentes em cinco estados — Roraima, Amazonas, Bahia, São Paulo e Rio Grande do Sul — e resultou no cumprimento de 13 mandados de busca e apreensão e sete mandados de prisão temporária.
A operação é fruto de uma apuração iniciada pela Promotoria de Justiça de Caracaraí, em parceria com a Justiça Estadual de Roraima, e tem como foco um esquema criminoso envolvendo agentes das forças de segurança pública, especialmente do Amazonas e de Roraima.
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De acordo com a Polícia Federal, os investigados — entre eles policiais militares do Amazonas e de Roraima — são suspeitos de terem sequestrado e torturado um homem para obter informações sobre o paradeiro de uma carga de cassiterita, conhecido como ‘ouro negro’, um mineral valioso amplamente utilizado na indústria eletrônica. O minério teria sido roubado, e o homem seria suspeito de envolvimento ou de ter conhecimento do roubo.
Segundo as investigações, os policiais agiram de forma clandestina, fora do escopo institucional, com o objetivo de recuperar o carregamento. A vítima teria sido submetida a atos de tortura durante o interrogatório informal. A ação revela indícios de que os agentes fazem parte de um grupo organizado que atua paralelamente ao Estado, prestando serviços de escolta armada para cargas ilegais de minério extraído da Terra Indígena Yanomami (TIY).
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Ainda conforme a PF, o grupo se estruturou para oferecer segurança privada não autorizada, realizar investigações à margem da lei e até intervir em disputas por cargas de minérios roubados. A Terra Indígena Yanomami, alvo frequente de garimpo ilegal, tem sido foco de diversas operações federais nos últimos anos, diante da crescente violência e destruição ambiental promovida por grupos criminosos que exploram seus recursos.
A operação foi batizada de Jeremias 22:17, referência bíblica que remete à corrupção de líderes e à perversão da justiça. A escolha do nome reforça o simbolismo das investigações, que miram justamente agentes públicos que teriam se desviado da legalidade para atuar em benefício de interesses privados e criminosos.
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O Ministério Público de Roraima acompanha as diligências e deve se manifestar ao longo da semana. A PF informou que a operação segue em andamento e que novas fases podem ser deflagradas, a depender do andamento das análises de materiais apreendidos e dos depoimentos colhidos.
Os suspeitos poderão responder por crimes como sequestro, tortura, formação de organização criminosa, usurpação de função pública e facilitação de garimpo ilegal. As penas podem ultrapassar 30 anos de prisão, caso todas as acusações sejam confirmadas.
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A operação acende um alerta sobre o envolvimento de forças de segurança em atividades ilegais na Amazônia, uma região marcada por disputas por recursos naturais e onde o vácuo estatal tem sido ocupado por milícias e redes criminosas.