Notícias policiais – A Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) revelou nesta sexta-feira (13/06) detalhes do funcionamento de uma complexa organização criminosa ligada ao Primeiro Comando da Capital (PCC), que atuava em Coari, no interior do estado. A investigação culminou na Operação Tentáculos, deflagrada na quinta-feira (12), que prendeu 25 pessoas por crimes como tráfico de drogas, pirataria, homicídio e lavagem de dinheiro.
De acordo com a PC-AM, o grupo era responsável por comprar drogas de piratas do rio Solimões — cujas ações também eram financiadas por membros da facção — e revendê-las nas cidades de Coari e Manaus. Parte da droga comercializada era oriunda de roubos fluviais organizados pela própria quadrilha, numa conexão direta entre pirataria e tráfico de entorpecentes, o que evidencia o nível de articulação da facção no interior do estado.
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Veja o organograma divulgado pela Polícia Civil: ORGANOGRAMA DO CRIME
A estrutura da facção
As investigações apontaram que a célula do PCC em Coari era sustentada por três principais lideranças locais: Jhony Cléber de Alencar Lima Verde, o “Olho de Gato”, Arnaldo Júnior Guimarães Mitouso, conhecido como “Júnior do Arnaldo” ou “Bigode”, e Evenilson de Oliveira Ferreira, apelidado de “Mistério”, “MD” ou “Donald”.
Esse trio seria responsável por financiar ações criminosas e coordenar as operações de pirataria, além de garantir a logística para distribuição da droga. Outro nome importante identificado foi o de Kaisoney Pena da Silva, que atuava no suporte ao comércio ilegal dos entorpecentes obtidos por meio do roubo de cargas fluviais.
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A estrutura criminosa contava ainda com um forte esquema de lavagem de dinheiro e uso de veículos de luxo, além da influência local consolidada por meio do medo e do silêncio imposto à comunidade.
Papel da mídia na engrenagem do crime
Um dos elementos mais surpreendentes revelados pela operação foi a participação do repórter José Raimundo Barreto Marques, conhecido como “Zé Real”. Segundo a polícia, ele era informante da organização criminosa, repassando dados privilegiados das investigações policiais ao PCC. Em troca, utilizava informações repassadas pelos criminosos para produzir matérias jornalísticas que favoreciam os interesses da facção.
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“Ele atuava como um disseminador das narrativas da facção, ajudando a manter sua influência social e territorial”, afirmou a PC-AM.
A atuação de Zé Real demonstra como a facção também utilizava meios de comunicação como ferramenta de controle social, explorando a imagem de legitimidade jornalística para mascarar suas ações e distorcer a percepção pública sobre os crimes cometidos.
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Operação mobilizou mais de 80 policiais
A Operação Tentáculos mobilizou mais de 80 policiais civis e foi coordenada pela Delegacia Interativa de Polícia (DIP) de Coari, em parceria com o Departamento de Investigação sobre Narcóticos (Denarc), Departamento de Polícia Metropolitana (DPM), Delegacia Fluvial (Deflu) e Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core-AM).
Foram cumpridos 36 mandados de prisão e 45 de busca e apreensão nos municípios de Coari, Manaus e Tefé. Veículos, drogas, armas, munições e grandes quantidades de dinheiro foram apreendidos durante a ação.
As autoridades destacam que a operação representa um duro golpe contra a estrutura regional do PCC no estado, mas reforçam que a investigação segue em andamento para identificar outros envolvidos, especialmente nas redes de lavagem de dinheiro.
Veja o organograma divulgado pela Polícia Civil: