O porta-voz da Presidência da Argentina, Manuel Adorni, negou veementemente a existência de um “pacto de impunidade” entre o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL) e o presidente argentino Javier Milei. Em entrevista coletiva nesta quarta-feira (19/6), Adorni afirmou que a possibilidade de asilo político aos investigados e condenados pelos ataques de 8 de janeiro é uma questão puramente judicial, sem interferência política.
Adorni foi enfático ao afirmar que a entrada de fugitivos no país é tratada pela Justiça e não pelo governo. “Se a Justiça do Brasil solicita à Argentina determinada questão, será uma decisão da Justiça local qual a medida a se tomar. A Justiça local não se aparta da lei”, declarou. Ele ainda reforçou a postura do governo argentino: “Não fizemos pacto de impunidade com absolutamente ninguém, nem nunca faremos”.
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As declarações de Adorni surgem em meio a rumores de que figuras ligadas aos ataques golpistas em Brasília poderiam buscar refúgio na Argentina para evitar a Justiça brasileira. Esses rumores ganharam força após a Polícia Federal (PF) anunciar que está preparando uma lista com os nomes dos foragidos envolvidos nas investigações dos ataques de 8 de janeiro. A lista será encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF) para dar início ao processo de extradição.
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Os ataques de 8 de janeiro no Brasil foram marcados por uma tentativa de invasão ao Congresso Nacional, ao Palácio do Planalto e ao Supremo Tribunal Federal, por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro que contestavam o resultado das eleições presidenciais de 2022. O episódio gerou uma onda de investigações e prisões, com várias pessoas sendo condenadas por sua participação nos atos antidemocráticos.
A fala do porta-voz argentino parece ser uma resposta à crescente preocupação de que a Argentina poderia se tornar um refúgio seguro para os envolvidos nos ataques. Ao esclarecer que a questão é de competência judicial, Adorni buscou afastar qualquer especulação sobre um possível conluio entre os governos de Bolsonaro e Milei.
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O cenário agora é de expectativa em relação às ações da Polícia Federal e às decisões do STF. O processo de extradição pode se revelar um teste importante para as relações diplomáticas entre Brasil e Argentina, especialmente no contexto de cooperação judicial e combate à impunidade.
A posição firme do governo argentino, conforme apresentada por Adorni, sugere um compromisso com o estado de direito e a independência do Judiciário, reforçando que qualquer pedido de extradição será tratado conforme os marcos legais estabelecidos.