Nesse domingo, 29, a ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff (PT), foi agraciada com a mais alta honraria concedida pelo governo chinês, a Medalha da Amizade. O reconhecimento foi entregue pelo presidente da China, Xi Jinping, em uma cerimônia realizada no prestigiado Grande Salão do Povo, localizado em Pequim. A entrega da honraria ocorre como parte das celebrações que antecedem o 75º aniversário da fundação da República Popular da China, comemorado em 1º de outubro.
Além de Dilma, outros 14 indivíduos foram homenageados com a Medalha da Amizade e títulos honorários, em reconhecimento a suas contribuições para o fortalecimento das relações entre seus respectivos países e a China. A ex-presidente, que mora na China desde o ano passado, foi destaque na cerimônia, especialmente por sua atuação à frente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), uma instituição financeira dos BRICS, que tem como objetivo financiar projetos de infraestrutura em países emergentes. Dilma assumiu a presidência do NBD em 2023, cuja sede se localiza em Xangai.
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Durante seu discurso na cerimônia de premiação, Dilma Rousseff expressou seu respeito ao Partido Comunista Chinês (PCC), que governa a China desde 1949, e fez duras críticas ao movimento anticomunista que, segundo ela, ainda permeia países como o Brasil. Em sua fala, Dilma destacou as conquistas econômicas e sociais do regime chinês, ao mesmo tempo em que enfatizou que o Brasil deve seguir seu próprio caminho, distinto do comunismo, mas igualmente distante do anticomunismo.
“Eu respeito o Partido Comunista da China, o que eles construíram aqui, mas não acho que o Brasil tem que ser comunista”, afirmou. Ela elogiou o “caminho especificamente chinês”, que considera adequado ao contexto daquele país, mas frisou a necessidade de o Brasil seguir um rumo que reflita sua própria realidade e características. “O Brasil tem de ter um caminho propriamente brasileiro. Agora, não é o caminho do anticomunismo”, declarou a ex-presidente.
Dilma também fez referência a episódios históricos da América Latina em sua crítica ao anticomunismo, mencionando o golpe de estado que depôs o presidente socialista Salvador Allende no Chile, em 1973, e as ditaduras militares que tomaram o poder na Argentina e no Brasil durante a Guerra Fria. Para Dilma, esses episódios representam uma lição sobre os perigos do extremismo político e da intolerância ideológica.