- Foto: © Tomaz Silva/Agência Brasil
Notícias de política – Em meio à repercussão do escândalo no INSS, a oposição ao governo Lula ainda não chegou a um consenso sobre o apoio aos pedidos de impeachment protocolados na Câmara dos Deputados. Apesar de parte da base bolsonarista ter abraçado a causa, há divergências internas sobre os efeitos políticos de um eventual afastamento do presidente a pouco mais de um ano da eleição.
Nesta quinta-feira (8), o terceiro pedido de impeachment de Luiz Inácio Lula da Silva foi protocolado na Casa. O autor é o deputado estadual paulista Guto Zacarias (União Brasil). Antes dele, o deputado federal Evair Vieira de Melo (PP) e o distrital Pastor Daniel (PP) haviam apresentado requerimentos com a mesma finalidade, todos alegando responsabilidade do presidente na crise envolvendo fraudes e irregularidades no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
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Ainda assim, a oposição está longe de falar em uníssono. Parte significativa dos parlamentares do campo conservador, especialmente ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, teme que o impeachment possa ser um “tiro no pé”. A principal preocupação é a possível ascensão de Geraldo Alckmin (PSB) à Presidência, o que poderia dar ao atual vice uma vantagem eleitoral na corrida de 2026.
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“Trocar Lula por Alckmin é mais do mesmo. Ele é coautor deste governo”, afirmou o deputado Sóstenes Cavalcanti (PL-RJ), líder do Partido Liberal na Câmara. A avaliação nos bastidores é que essa mudança traria poucas rupturas políticas e ainda permitiria que o governo se rearticulasse com apoio de setores moderados.
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A posição de Cavalcanti ecoa dentro da família Bolsonaro. Interlocutores próximos ao clã têm deixado claro que, no momento, a prioridade é a anistia dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, e não o afastamento de Lula. “O foco precisa estar na anistia. Não adianta derrubar Lula e abrir espaço para Alckmin, que representaria continuidade com outro estilo”, argumenta um aliado do ex-presidente.
Contudo, há setores mais combativos da direita que defendem o impeachment imediato. O líder da Oposição na Câmara, deputado Zucco (PL-RS), é um dos principais entusiastas da medida. “Com certeza, sou favorável. O presidente precisa ser responsabilizado”, declarou.
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Defensores do impeachment
Entre os defensores da destituição, também se destacam os deputados Nikolas Ferreira (PL-MG), Marcel Van Hattem (Novo-RS) e Carla Zambelli (PL-SP). Nikolas, um dos principais expoentes da nova direita, critica a estratégia de esperar o desgaste eleitoral do governo. “O problema de deixar o governo sangrar até 2026 é que, até lá, a população também sangra”, argumentou, referindo-se ao impacto da crise no INSS sobre aposentados e beneficiários de auxílios sociais.
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Processo de impeachment
Apesar do aumento no número de pedidos de impeachment, o processo para sua efetivação é longo e politicamente custoso. O presidente da Câmara, Hugo Motta, é quem detém a prerrogativa de analisar e eventualmente pautar os requerimentos para votação em plenário. São necessários os votos favoráveis de 342 deputados para que o processo avance ao Senado, onde o presidente seria julgado.