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Gilmar Mendes afirma que operação ‘Lava Jato’ tem melhores publicitários do que juristas

O ministro disse que os membros da operação usaram a opinião pública para criticar decisões do Supremo e apontou “abusos” da força-tarefa.

  • Por AM POST

  • 08/10/2019 às 09:47

  • Atualizado em 08/10/2019 às 18:05

  • Leitura em quatro minutos

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, voltou a criticar a operação ‘Lava Jato’ e defendeu um combate à corrupção “sem personalismo” no País. Em entrevista na noite desta segunda-feira (7), a jornalistas no programa ‘Roda Viva’, da TV Cultura, Mendes disse que os membros da operação usaram a opinião pública para criticar decisões do Supremo que foram de encontro aos interesses de procuradores e apontou “abusos” da força-tarefa.

“A ‘Lava Jato’ tem melhores publicitários do que juristas, eles usam isso”, alfinetou. “Eu torço não só para a ‘Lava Jato’, para todas as operações, para que de fato nós continuemos combatendo a corrupção, agora sem esse personalismo, sem a necessidade, talvez, de forças-tarefa”.

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Como exemplo de abuso de autoridade, Gilmar Mendes citou mais de uma vez o caso do auditor fiscal Marco Aurélio Canal, da Receita Federal, preso no dia 2 de outubro, acusado de cobrar propinas de réus e delatores da ‘Lava Jato’ em troca de suspensão de multas do Fisco. Em mais de uma oportunidade, o ministro o citou como o responsável por elaborar o dossiê dados fiscais seus e de sua mulher, Guiomar Feitosa.

O ministro também criticou o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da ‘Lava Jato’, que tem sido acusado de atuação ilegal na condução da operação por suposto uso de provas ilegais e vazamentos à imprensa, além de conversas sobre a estratégia da operação com o então juiz Sérgio Moro. “É preciso que de fato essas pessoas (procuradores) cumpram a lei, sejam servos da lei, que não exorbitem”, disse o ministro. “O Ministério Público assumiu feições soberanas, e isso é um problema”.

Rodrigo Janot

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Gilmar Mendes falou brevemente, no início do programa, sobre a revelação feita pelo ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de que teria planejado matá-lo a tiros dentro do próprio STF. O ministro diz que, ao saber do plano, sentiu “uma pena enorme das instituições brasileiras”.

“Quando a gente imagina que a procuradoria estaria, agora, entregue em mãos de alguém que pensava em faroeste ou coisa do tipo, isso realmente choca e dá pena de ver como nós degradamos nossas instituições, como se fizeram escolhas tão desastradas”, disse o ministro.

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Lula

Questionado sobre a decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado na ‘Lava Jato’, de recusar o regime semiaberto, o ministro disse que o petista “não tem esse direito, a rigor”. Ele considerou que o ex-presidente só poderia questionar o regime nos tribunais caso houvesse “imposição ou uma condição ilegítima”. No entanto, Mendes disse que estranhou a posição de procuradores da ‘Lava Jato’ no caso.

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“O que me chamou atenção nesse episódio foi alguns procuradores oferecerem o regime semiaberto ao Lula”, disse. “Nunca foram garantistas, mas agora se convenceram. E se convenceram porque era conveniente”.

O ministro do STF foi questionado sobre sua decisão de impedir a posse de Lula como ministro da Casa Civil em 2016, quando foi indicada pela então presidente Dilma Rousseff. Apesar de questionar a atuação de Moro no episódio, o ministro não chegou a admitir que hoje sua decisão seria diferente.

“Teria de meditar bastante sobre esse assunto. De fato, foi uma situação muito específica”, ponderou. “Tenho muito mais dúvidas do que certezas, e lamento muito essa manipulação, essa ideia de ‘vazo isso e não vazo aquilo”.

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