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O ex-candidato à vice-presidência da República, Walter Braga Netto, foi captado em vídeo incentivando apoiadores de Jair Bolsonaro a “não perderem a fé” um mês antes de surgirem indícios, segundo a Polícia Federal, de sua participação em supostos planos golpistas.
Após o segundo turno das eleições de 2022, Braga Netto assumiu o lugar de Bolsonaro no cercadinho do Palácio da Alvorada, onde expressou apoio aos seguidores do presidente. Em um stories no Instagram, ele tranquilizou os apoiadores dizendo: “O presidente está bem, está recebendo gente, não tem problema nenhum. Vocês não percam a fé, tá bom? É só o que eu posso falar para vocês agora”, declarou o militar.
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Essa declaração foi considerada pela Polícia Federal como um dos indícios de que Braga Netto poderia estar se referindo a um suposto plano golpista. Contudo, até então, não havia evidências concretas para sustentar essa suspeita.
Eleição de 2022 Na época, Bolsonaro não havia reconhecido a vitória de Lula e estava reunido apenas com integrantes do núcleo duro do seu governo. Entretanto, segundo a Polícia Federal, a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid mudou o rumo das investigações. Para os agentes, a frase “não percam a fé” poderia estar relacionada aos planos do grupo para tentar reverter o resultado das eleições.
O ministro do STF Alexandre de Moraes afirmou, com base em mensagens apreendidas pela Polícia Federal, que Braga Netto e o capitão reformado Ailton Barros teriam aderido a uma tentativa de golpe de estado, “com forte atuação inclusive nas providências voltadas à incitação contra os membros das Forças Armadas que não estavam coadunadas aos intentos golpistas, por respeitarem a Constituição Federal”.
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“Omissão e indecisão” As mensagens citadas datam entre os dias 15 e 17 de dezembro, um mês após a declaração de Braga Netto para os apoiadores. Segundo Moraes, Braga Netto teria encaminhado a Barros uma mensagem recebida de um membro das Forças Especiais, culpando o general Freire Gomes pelo que estava acontecendo e pelo que aconteceria. Além disso, orientou Barros a atacar o Tenente-Brigadeiro Baptista Júnior e elogiar o Almirante-de-Esquadra Almir Garnier Santos.
Essas mensagens, segundo Moraes, corroboram os relatos de Mauro Cid, que confirmou que o então Comandante da Marinha, o Almirante Almir Garnier, anuiu com o golpe de Estado em reunião com Bolsonaro, colocando suas tropas à disposição do Presidente.