O Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela emitiu, nesta segunda-feira (23/9), um mandado de prisão preventiva contra o presidente da Argentina, Javier Milei. A decisão, que abalou as relações diplomáticas entre os dois países, foi anunciada pelo ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil Pinto. Além de Milei, a ordem também inclui a sua irmã e secretária-geral da Presidência, Karina Milei, e a ministra da Segurança da Argentina, Patricia Bullrich.
A acusação contra as autoridades argentinas envolve uma série de crimes graves, incluindo roubo agravado, privação ilegítima de liberdade, interferência ilícita na segurança operacional da aviação civil, inutilização de aeronaves e associação criminosa. Esses crimes estão relacionados a um episódio de alta tensão ocorrido em 2022, quando uma aeronave venezuelana foi confiscada na Argentina.
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A aeronave, um Boeing 747 fabricado por uma companhia aérea iraniana, foi confiscada pelo governo argentino em 2022. O avião tornou-se alvo de uma intensa disputa judicial que culminou no confisco do aparelho em janeiro deste ano. A empresa iraniana responsável pela fabricação e venda do Boeing está sujeita a sanções internacionais, particularmente por parte dos Estados Unidos. As sanções dos EUA incluíam um pedido direto ao governo argentino para que o avião fosse confiscado, alegando que a aeronave poderia estar envolvida em atividades ligadas ao terrorismo.
O governo argentino, sob pressão internacional, acatou o pedido norte-americano, gerando uma crise diplomática com a Venezuela, que alegava a ilegalidade do confisco. O caso foi amplamente discutido nos bastidores diplomáticos, mas a situação escalou nas últimas semanas, com o anúncio de que dois promotores venezuelanos estavam atuando no caso e preparando os mandados de prisão contra as autoridades argentinas.
A ordem de prisão contra Javier Milei e seus aliados é amplamente vista como uma retaliação direta do governo de Nicolás Maduro. O presidente venezuelano tem usado o episódio do avião como um símbolo de interferência estrangeira e da submissão de países latino-americanos à pressão dos Estados Unidos. A Venezuela sustenta que o confisco da aeronave foi um ato ilegal e que a Argentina agiu em conluio com os interesses norte-americanos, prejudicando o patrimônio venezuelano.
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O governo de Maduro, que há anos enfrenta sanções internacionais e uma crise política interna, tem buscado aumentar o tom contra países da região que ele considera hostis. A emissão do mandado de prisão contra Milei, um dos líderes políticos mais controversos da América Latina, intensifica ainda mais essa postura combativa da Venezuela.
A reação do governo argentino ainda não foi oficializada, mas espera-se que a situação se agrave rapidamente. Javier Milei, que tem uma relação tensa com o governo de Maduro, pode usar o episódio como um exemplo da deterioração do regime venezuelano e da perseguição política promovida por Caracas.