O governo da Venezuela, liderado por Nicolás Maduro, criticou duramente o Brasil em um comunicado divulgado neste sábado (2), acusando o país de uma “agressão descarada e grosseira” contra a presidência venezuelana e de promover uma “campanha violadora dos princípios” das Nações Unidas. A declaração foi publicada nas redes sociais do chanceler venezuelano, Yván Gil Pinto, intensificando as tensões diplomáticas entre os dois países.
Segundo o governo venezuelano, o Brasil, através de seu Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), estaria interferindo na “soberania e autodeterminação” da Venezuela, uma postura que, na visão de Caracas, infringe a própria Constituição brasileira, que defende a não ingerência em assuntos internos de outros estados. Em um trecho da nota, o governo bolivariano pede que o Brasil “desista de se imiscuir em assuntos que dizem respeito apenas aos venezuelanos” e reitera a importância de uma postura respeitosa nas relações diplomáticas.
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O episódio ocorre após uma postagem polêmica da polícia venezuelana, na última quinta-feira (31), que exibiu a bandeira do Brasil acompanhada da frase “Quem se mete com a Venezuela se dá mal” e uma imagem que sugere a silhueta do presidente Lula. O rosto, no entanto, estava escurecido. A imagem gerou reação imediata do governo brasileiro, que classificou o teor das declarações de Maduro como um “tom ofensivo” e reiterou que o Brasil “respeita plenamente a soberania de cada país”.
A resposta do governo brasileiro enfatizou que o uso de “ataques pessoais e escaladas retóricas” prejudica o diálogo e não se alinha à “forma respeitosa com que o governo brasileiro trata a Venezuela e o seu povo”. Até o momento, o Itamaraty não ofereceu mais detalhes sobre as próximas medidas diplomáticas a serem adotadas, mas a troca de acusações marca uma nova fase de atrito nas relações Brasil-Venezuela.