
Risco de alzheimer é mais influenciado pela genética materna- Foto: internet
Um novo estudo publicado na revista JAMA Neurology no dia 17 de junho revela que filhos de mães com histórico de perda de memória podem ter um risco maior de desenvolver Alzheimer do que aqueles em que apenas o pai apresenta esquecimentos constantes. Esta pesquisa, conduzida por especialistas das universidades de Stanford e Harvard, nos Estados Unidos, avalia a influência da herança genética materna no desenvolvimento da demência.
Metodologia do Estudo
Os pesquisadores analisaram dados de 4.413 indivíduos, com idades entre 65 e 85 anos, que não apresentavam problemas cognitivos ou de memória. Esses participantes responderam questões do Mini Exame do Estado Mental e se submeteram à Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET). As perguntas do exame ajudaram a avaliar a função cognitiva de cada indivíduo, enquanto a tomografia escaneou o cérebro em busca de placas amiloides, formadas pela aglomeração de pedaços de proteína beta-amiloide.
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A Presença das Placas Amiloides
A presença de placas amiloides é um dos principais indícios do desenvolvimento de Alzheimer. Suspeita-se que essas placas danifiquem e matem os neurônios, levando ao surgimento das doenças neurodegenerativas. No entanto, neste estudo, a proteína tau, outro sinal de demência, não foi analisada.
Resultados do Estudo
Os pesquisadores descobriram que participantes cujas mães tinham um histórico de comprometimento da memória apresentavam níveis mais elevados de beta-amiloides, independentemente da idade em que os problemas de memória surgiram. O mesmo padrão foi identificado em participantes cujos pais apresentaram perda de memória antes dos 65 anos. Em contraste, os indivíduos com histórico paterno de comprometimento de memória de início tardio, após os 65 anos, apresentaram níveis de beta-amiloide dentro do padrão esperado, assim como aqueles sem histórico familiar de amnésia.
A Influência da Herança Genética Materna
Embora os pesquisadores ainda não compreendam completamente a relação entre a herança genética materna e o risco aumentado de Alzheimer, uma das hipóteses é que a disfunção nas mitocôndrias, que são herdadas exclusivamente das mães, possa ser a causa. As mitocôndrias, responsáveis por fornecer energia às células, possuem DNA próprio que pode sofrer mutações, comprometendo as funções cognitivas e levando à demência.
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Implicações para Tratamentos Futuros
Após esta descoberta, os cientistas pretendem investigar se o DNA materno influencia diretamente o surgimento do Alzheimer e entender melhor a teoria da disfunção mitocondrial. Essas respostas podem ser fundamentais para o desenvolvimento de novas opções de tratamento para a doença. Atualmente, o Alzheimer afeta mais de 50 milhões de pessoas em todo o mundo, incluindo 1,2 milhão no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde. Estima-se que o número de doentes possa dobrar nos próximos 20 anos, ressaltando a urgência de avanços no diagnóstico e na prevenção da enfermidade.
Este estudo destaca a importância de considerar o histórico materno de perda de memória como um fator significativo no risco de desenvolver Alzheimer. Compreender as influências genéticas e biológicas da doença pode levar a tratamentos mais eficazes e personalizados, oferecendo esperança para milhões de pessoas afetadas por essa condição debilitante. A pesquisa contínua e o investimento em novas tecnologias diagnósticas são essenciais para enfrentar o desafio crescente que o Alzheimer representa globalmente.