Redação AM POST
Para quem não se recorda o AM POST vai lembrar neste TBT que em relatório de 200 páginas (leia completo abaixo), em 2019, a Polícia Federal mostrou conversas do médico e empresário Mouhamad Moustafa, apontado pelo Ministério Público Federal (MPF) como o chefe de um esquema de corrupção que desviou quase R$ 260 milhões de recursos da saúde no Amazonas, cobrando sua sócia Priscila Marcolino, para supostamente pagar propina em espécie para o senador Omar Aziz (PSD), atual candidato a reeleição, também alvo da investigação.
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De acordo com as investigações da PF, os desvios começaram quando Omar Aziz era governador do Amazonas, entre 2010 e 2014. Conforme a PF Aziz, autorizou a contratação do Instituto Novos Caminhos (INC), pertencente a Mouhamad, para fazer a gestão de hospitais do Amazonas. Os contratos, segundo o MPF-AM, eram superfaturados e os valores repassados para políticos do estado.
No sumário do relatório, a PF divide um tópico intitulado “vantagens indevidas diretas a Omar Aziz” no qual consta pagamentos ao político de diversos valores que vão de R$250 mil a R$2mil, detalhados um a um. Em seguida também tem vantagens direcionadas a familiares do parlamentar.
Nos tópicos a Polícia Federal apresenta mensagens trocadas entre Priscila e Mouhamad e em diversos momentos o empresário pede que a sócia providencie dinheiro para pagamento de Omar Aziz. “Aqui salientamos que o pagamento é sempre feito em espécie, o que dificulta o rastreamento por parte das fiscalizações”, destaca a PF.
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Ainda segundo a PF, a entrega do dinheiro era feita ao sargento da Polícia Militar, Ricart Campos Marques, apontado como segurança e assistente pessoal do senador. “Os indícios revelam que, além dos encontros pessoais entre MOUHAMAD e OMAR para a entrega de dinheiro em espécie, tais entregas também eram feitas a RICART. Vale destacar que se observou um rigor maior quando as tratativas ocorriam diretamente com o senador”, diz trecho do relatório na pagina 28.
“Em outras oportunidades já restou demonstrado que RICART é uma pessoa associada a OMAR AZIZ (Informação 226/2018 DELECOR/DRCOR/SR/PF/AM), todavia o próprio nome do contato telefônico utilizado por MOUHAMAD deixa claro a associação de RICART com OMAR: “Alfa” é um dos apelidos de OMAR utilizados por MOUHAMAD (Informação 48/2017 DELECOR/DRCOR/SR/PF/AM) e o outro nome de contato deixa As claras o nome de OMAR: ‘Sgt Ricart Omar Aziz'”, completou a PF na pagina 31.
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Cobrança do senador
Um diálogo do dia 1º de agosto de 2016 entre Moustafa e a sócia, obtido pela Polícia Federal, mostra a preocupação do empresário com uma cobrança feita pelo senador Omar Aziz.
Segundo a polícia, Mouhamad já teria recebido um repasse de R$ 15 milhões por meio do Instituto Novos Caminhos pelos serviços de saúde que prestava.
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Confira a conversa:
“Priscilla, Omar foi comigo atrás de $$. Não entreguei nada pois está tudo com as etiquetas ainda. Preciso que você arrume um pacote de 200”.
Em outro trecho, segundo a investigação da Polícia Federal, Mouhamad fala novamente que está sendo cobrado.
“Estou precisando de R$ 250 mil em dinheiro urgente. Omar está desesperado precisando e me cobrando aqui que sabe que eu recebi. Já dei os 100 do Pedro não tem nem 50 lá em casa”.
Priscila Marcolino responde: “Vou ver o que consigo”.
LEIA O DOCUMENTO NA ÍNTEGRA:RELATÓRIO PF – OPERAÇÃO MAUS CAMINHOS – FAMÍLIA AZIZ