
Crédito: Greg Moloney / Providence Health Care
Tecnologia – Três canadenses estão prestes a fazer história como os primeiros do país a recuperar a visão com uma cirurgia inusitada: usar um dente para substituir parte do olho. Conhecida como “dente no olho”, a técnica, criada há mais de 60 anos na Itália, está ajudando pacientes com cegueira grave causada por cicatrizes na córnea. Um dos pioneiros, Brent Chapman, de 33 anos, perdeu a visão na adolescência e agora vê no procedimento uma chance de recomeço.
Como Funciona o Procedimento
A cirurgia, chamada ceratoprótese osteo-odonto, foi desenvolvida pelo oftalmologista italiano Benedetto Strampelli nos anos 1960. O objetivo é simples: usar o próprio corpo do paciente para evitar rejeição. Primeiro, os médicos retiram um dente – geralmente um canino – e o transformam em uma armação com um furo no centro. Nesse espaço, colocam uma lente de plástico. O implante fica na bochecha por meses, ganhando novos tecidos, até ser fixado no olho, substituindo a área danificada.
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O processo exige várias etapas. Além do dente, os cirurgiões usam tecido da bochecha para cobrir o olho antes de instalar a lente. O resultado pode restaurar a visão o suficiente para tarefas como dirigir, segundo estudos.
Um Caso de Superação
Brent Chapman, massagista de North Vancouver, é um dos pacientes. Aos 13 anos, ele perdeu a visão após uma reação rara a analgésicos, chamada síndrome de Stevens-Johnson, que o deixou em coma e queimou seus olhos. Após 50 cirurgias, incluindo 10 tentativas de implante de córnea, nada deu certo. Agora, ele aposta no dente no olho. “Fiquei apreensivo, mas ouvi uma mulher que voltou a esquiar após 20 anos cega. Isso me convenceu”, contou à rádio CBC.
Sucesso e Limites
A cirurgia não é para todos. Só funciona em casos de cegueira corneana onde a retina e os nervos do olho estão preservados. Mesmo sendo complexa e arriscada – feita em apenas um olho por vez –, tem bons resultados. Um estudo italiano de 2022 mostrou que 94% dos pacientes ainda enxergavam após 27 anos. Realizada em 10 países, a técnica é rara, mas seus defensores esperam que histórias como a de Chapman a tornem mais conhecida.
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Para Chapman, o procedimento é mais do que uma cirurgia: é a possibilidade de independência. “Parece coisa de ficção científica”, ele admite. Enquanto os médicos celebram o sucesso, o caso dos três canadenses pode inspirar outros a considerar essa solução para um dos tipos mais difíceis de ceguei