Uma imensa bolha de rádio de 65.000 anos-luz foi descoberta envolvendo a galáxia espiral NGC 4217, situada a aproximadamente 61,6 milhões de anos-luz da Terra. Essa estrutura colossal, que se estende muito além do disco galáctico, foi revelada por meio de uma nova campanha de observações utilizando o Jansky Very Large Array (JVLA) e a rede LOFAR, telescópios de rádio de última geração. A descoberta não apenas impressiona pela sua magnitude, mas também oferece insights valiosos sobre a dinâmica e a evolução das galáxias espirais.
O que é uma bolha de rádio?
Uma bolha de rádio é uma estrutura em forma de bolha detectada nos halos de algumas galáxias, emitindo ondas de rádio. Essas bolhas são frequentemente criadas por explosões de estrelas massivas, como supernovas. O processo se inicia quando grandes quantidades de energia são liberadas no meio circundante, criando uma cavidade cercada por uma casca brilhante de gás ionizado. Essas estruturas podem se estender por dezenas de milhares de anos-luz, dependendo da quantidade de energia liberada e das interações com os campos magnéticos galácticos.
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A descoberta da bolha de rádio na NGC 4217
As novas observações da NGC 4217 revelaram uma estrutura gigantesca e sem precedentes em seu halo. A equipe de pesquisa, liderada por Volker Heesen, da Universidade de Hamburgo, conseguiu mapear a bolha de rádio com precisão inédita, identificando que a emissão de rádio é especialmente intensa ao longo das paredes da bolha, enquanto seu centro apresenta uma ligeira depressão. Essa característica, chamada de “borda iluminada”, é incomum e destaca-se, principalmente, na parte nordeste da bolha, onde há indícios de uma casca potencialmente presente.
Características impressionantes da bolha de rádio
Além do tamanho colossal, a bolha de rádio da NGC 4217 se destaca por sua altura: 19.200 anos-luz a 144 MHz e 9.400 anos-luz a 3 GHz. Essas medidas estão muito além dos tamanhos típicos de bolhas de rádio observadas em outras galáxias. Outra descoberta surpreendente diz respeito à velocidade do vento galáctico ao redor da bolha, que aumenta de 300 para 600 km/s, alcançando quase a velocidade de escape da NGC 4217. Essa dinâmica sugere que o vento galáctico pode desempenhar um papel crucial na formação e evolução da bolha.
A energia das supernovas e o impacto na bolha
Os cientistas estimam que as supernovas no coração da NGC 4217 são responsáveis pela criação dessa bolha de rádio. Essas explosões liberam uma energia capaz de inflar a bolha ao longo de um período de 35.000 anos. No entanto, grande parte dessa energia é dissipada na forma de radiação, o que limita a expansão da estrutura. Com uma intensidade de campo magnético medida em 11 microgauss, essa bolha demonstra propriedades muito diferentes de outras bolhas de rádio já identificadas, colocando-a entre os fenômenos mais impressionantes observados no domínio dos halos galácticos.
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Sobre a dinâmica das galáxias espirais
A descoberta da bolha de rádio na NGC 4217 proporciona uma nova perspectiva sobre as interações entre explosões estelares, ventos galácticos e campos magnéticos. Esses fatores são fundamentais para entender a formação e a evolução das galáxias espirais. À medida que os cientistas exploram essas estruturas impressionantes, a pergunta que surge é: como essas dinâmicas influenciam não apenas a galáxia NGC 4217, mas também outras galáxias próximas e distantes? A resposta a essa questão poderá abrir novas fronteiras na astrofísica, aprofundando nosso entendimento do universo.
A imensa bolha de rádio que envolve a NGC 4217 não é apenas um espetáculo visual, mas um fenômeno que pode mudar nossa compreensão das galáxias espirais. As observações recentes, combinadas com novas tecnologias de telescópios, permitem um mapeamento preciso dessas estruturas cósmicas. Ao continuarmos a explorar e desvendar os segredos do universo, a ciência se depara com novos desafios e oportunidades de aprendizado. O que mais poderemos descobrir sobre as galáxias e suas interações no futuro?
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Referência: arXiv