O Jornal Nacional, da rede Globo, fez um post em sua página oficial do Facebook na noite desta quinta-feira (2), com uma imagem da jornalista Maria Julia Coutinho falando sobre a previsão do tempo. Durante a madrugada, a publicação foi alvo de comentários com conteúdo pejorativo e racista.
“Só conseguiu emprego no ‘Jornal Nacional’ por causa das cotas. Preta imunda”, dizia um dos comentários. “Não tenho TV colorida para ficar olhando essa preta não”, escreveu outro internauta.
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Revoltados, outros usuários da rede social saíram em defesa da jornalista e publicaram comentários de repúdio ao preconceito na página do telejornal no Facebook.
“País mais miscigenado do mundo e ainda temos que ficar lendo esses comentários racistas. Lamentável. A moça é linda, inteligente e ganha bem mais do que vocês”, defendeu Claydson Vieira.
“Aos racistas um aviso: internet não é terra sem lei e se vocês acham que podem destilar toda a podridão que existe no interior de vocês só porque usam fakes, estão enganados. Espero que vocês se ferrem muito”, alertou Martha Bernardo Duarte.
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Esta não é a primeira vez que a jornalista é atacada desta forma. Logo que assumiu a previsão do tempo no “Jornal Nacional” — em abril deste ano — foram registrados comentários de cunho racista em reportagens que falavam sobre ela, a primeira jornalista negra da rede Globo a desempenhar a função no telejornal.
Em entrevista ao UOL, em maio deste ano, Maju disse que não pretendia tomar providências legais contra os comentaristas. “Pelo que eu vi é uma minoria que tem feito esse tipo de ataque. Vou plagiar a pequena Carolina, de 8 anos, cujo vídeo viralizou na Internet. Quando alguém disse que ela tinha cabelo duro, Carol não titubeou e disse: ‘Duro é ter que aguentar pessoa ignorante falando que meu cabelo é duro’. Cresci numa família que militou no movimento negro, tenho consciência dos meus direitos, só tomarei alguma medida quando o racismo de alguém cercear meus direitos”.
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A jornalista disse acreditar que pré-julgamentos no ambiente profissional costumam ser extintos com a convivência. “Acho que algumas pessoas que só estão acostumadas a conviver com negros que ocupam cargos de seguranças, empregados, faxineiros, se assustam, e, às vezes, duvidam da capacidade de um negro que ocupa um outro tipo de função (jornalista, médico, escritor), mas esse tipo de preconceito costuma ser neutralizado com a convivência”, disse ela no mês de maio.