Um acordo feito entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Bolívia, Evo Morales, causou um prejuízo de 872 milhões de reais aos cofres da Petrobras, de acordo com o balanço da empresa, informa reportagem do jornal Folha de S. Paulo veiculada nesta sexta-feira.
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O negócio se refere à venda do chamado “gás rico”, conjunto de componentes nobres que vêm misturados ao gás natural, mas que não tem utilidade para a estatal brasileira. Em 2007, Morales pediu ao ex-presidente Lula que a Petrobras passasse a pagar um adicional pelo produto excedente do gás natural. Na ocasião, após encontro com o presidente boliviano, em Brasília, Lula chegou a afirmar que os países mais ricos têm de ter “generosidade” e “solidariedade” com economias menores.
Técnicos da Petrobras foram contrários ao negócio, uma vez que o gás natural seria usado para produzir energia nas termoelétricas. E como ele seria totalmente queimado, o “gás rico” não poderia ser aproveitado. Mesmo assim, após sete anos de impasse, a Petrobras pagou, em agosto do ano passado, 434 milhões de dólares à estatal boliviana pelo produto fornecido entre 2008 e 2013.
No ano passado, a Petrobras explicou o pagamento, dizendo que ele iria gerar um saldo positivo de 386 milhões de reais no fim de 2014, pois o cálculo incluía outros acordos de exclusividade feitos com a Bolívia. “A Petrobras esclarece que o cálculo é absolutamente correto. É legítimo que a companhia considere seus acordos com a Bolívia de forma global, pois o resultado obtido reflete um conjunto de negociações que não podem ser vistas separadamente”, escreveu o gerente de imprensa Lúcio Pimentel no fim de agosto. Procurada novamente na última sexta-feira, a Petrobras informou que não se pronunciaria sobre o prejuízo.